terça-feira, 24 de dezembro de 2013

Deixa pro ano que vem...












Amigos, entramos na reta final. 

Agora o que vale é procrastinar, deixar para mais tarde, esperar mais um pouquinho, impulsionar adiante pelo emprego do abdômen (vulgo "empurrar com a barriga"). 

Um conjunto de frases intrigantes passam a desfilar no vocabulário cotidiano. A partir de agora, o que mais se ouve é: 

"Em janeiro a gente conversa."
 
"Volte depois das férias."
 
"No ano que vem, quem sabe..."
 
"Só depois do dia 6."
 
"Final de ano é assim mesmo."
 
"Este ministério depois do Ano Novo decola." 
"É só passar essas festas que eu faço aquela visita."
 
"Agora não adianta querer melhorar. Já foi assim o ano inteiro!"
 
"Não são dois ou três fins de semana que vão fazer a diferença."
 


Mas afinal de contas, por que adiar se o dia se chama "Hoje"? Por que deixar para o ano que vem, se o ano que é ainda não acabou? Por que tentar enganar a nós mesmos achando que o que não temos vontade de fazer agora vamos ter vontade só porque a paisagem do calendário mudou?
 

Como são ilusórios nossos planos! Como é enganoso nosso coração! Como é ridícula a nossa maneira de achar que só nós somos espertos, e que podemos "enrolar" os outros conforme queremos. Mal nos apercebemos que quem está sendo enrolado é a gente mesmo. Quantos finais de ano já passamos? O que efetivamente muda quando um ano termina e o outro começa? Não aprendemos ainda?
 

Desconte-se o fato de que todos temos um limite que precisa ser respeitado. Ninguém é de ferro. Precisamos de descanso. Se respeitássemos o sistema que Deus criou para nós, de descansar um pouco a cada semana, não chegaríamos tão esgotados a cada dezembro. Trabalhamos feito loucos, um corre-corre, uma pressão, uma busca desenfreada. Ah! Se não existissem os feriados do fim-de-ano...
 

O problema real, no entanto, permanece acrisolado, intocável. Não queremos encarar o fato de que sempre colocamos a nós mesmos em primeiro lugar. Meu projeto, minha carreira, minha faculdade, meu emprego, minhas compras. Se sobrar tempo e alguma réstia de energia, entrego para Deus. Ele pode esperar até o ano que vem. Eu não posso. Minhas orações precisam de resposta, meus desejos precisam ser atendidos e tem que ser AGORA!
 

E se Deus nos disser hoje que o nosso último pedido só será atendido "depois das festas", como é que a gente vai se sentir?

quarta-feira, 13 de novembro de 2013

Ensinar a Bíblia inteira? De que jeito?

Já sentiu uma certa sensação de medo do Velho Testamento? Alguma vez você já evitou livros como Levítico, Deuteronômio ou os Profetas? Console-se: você não está sozinho. Há um bom número de pessoas razoavelmente acostumadas com a Bíblia que faz a mesma coisa. E talvez a culpa não seja delas. Pelo menos não somente delas.

Depois de alguns anos lidando com ensino bíblico em igrejas de portes e estilos diferentes, consegui perceber algumas tendências que podem explicar porque a atual geração de cristãos tem pouca noção panorâmica da Bíblia.

Descobri que a responsabilidade para esta “fuga” do Antigo Testamento não pode ser creditada somente dos alunos. Acontece que nos últimos 20 anos, as igrejas foram pouco a pouco abandonando o ensino expositivo (estudo livro por livro, da Bíblia toda), substituindo-o pelo ensino tópico (abordagem de assuntos).

Na prática, o que aconteceu foi o surgimento de uma geração com poucas raízes nas Escrituras. As pessoas passaram a conhecer a Bíblia aos pedaços. Uma geração inteira perdeu o “jeito” de ler o texto bíblico à luz do seu contexto e cronologia, habilidade fundamental para sua correta compreensão e aplicação.
Ouço com frequência alguns argumentos na tentativa de justificar esta prática. São lógicos, mas, para ser generoso, são limitados. Alguns deles:

 “O ensino tópico é mais relevante e contextualizado”.
Será?  Quando estudamos a Bíblia sequencialmente, seguramente vamos passar por todos os tópicos importantes da vida. Por exemplo, no livro de Gênesis, abordamos assuntos que estão na pauta do dia: casamento, família, homossexualismo, corrupção, liderança, filhos etc. Está tudo lá. Quando se estuda Êxodo, encontramos as leis que formam a base sobre a qual os profetas e, mais tarde, os apóstolos vão desenvolver seus ministérios. Não condenamos o ensino por assunto, mas alertamos que quando só ensinamos por tópicos, as pessoas perdem a noção geral das Escrituras, o que ao longo do tempo se torna trágico.

“Ensinar a Bíblia livro por livro torna-se muito cansativo e monótono”.
Será? Minha experiência tem mostrado uma adesão maciça a programas de Estudos do tipo livro por livro. O que desanima muitas vezes é a presença de um professor ou pregador mal preparado ou um currículo longo demais (há igrejas que levam 4 anos para estudar o Tabernáculo!). Mas um currículo prático e bem ministrado é empolgante.

 “Hoje em dia as pessoas não se interessam por uma informação se não conseguem ver utilidade nela.”
Verdade!  Alguém ainda acrescentaria: “O que muda a minha vida saber que Jó viveu no tempo dos Patriarcas? Qual a diferença de saber que os profetas não viveram na ordem em que os livros aparecem?” A resposta é simples: se for repassada somente como informação, realmente não vai mudar sua vida. Mas para sua melhor compreensão dos textos que eles escreveram, fará muita diferença. E isso certamente vai afetar sua vida. O “x” da questão, portanto, está em capacitar nossos professores e pregadores para mostrar como a Bíblia mantém sua unidade e como sua mensagem é totalmente conectada com a nossa realidade. É só estudar a história dos reis e profetas de Israel, por exemplo, para se ter uma clara ideia disso.

“Os novos convertidos não conseguem entender o Velho Testamento.”
Verdade! É justamente por isso que precisam ser ensinados. Se eles não compreenderem bem o que veio primeiro, como vão entender ou valorizar o que veio depois dos Evangelhos? Hoje, mais do que entre as décadas de 70 a 90, cada vez mais recebemos pessoas que se convertem depois de adultos. A maioria delas nunca teve contato com a Bíblia. Não conhecem suas histórias e por isso não conseguem entender. Elas precisam ter a oportunidade, pelo menos uma vez na vida, de estudarem tudo na sequência, para poderem ter uma compreensão melhor das Escrituras como um todo.

“Os professores precisam de um melhor preparo para ensinar a Bíblia toda.”
Verdade! Por isso mesmo, este desafio fará com que haja uma seleção natural (na qual os que não estiverem dispostos a se dedicarem ao estudo sério da Bíblia serão automaticamente desligados) e um aumento no nível do time de ensino de sua igreja. Será uma ótima oportunidade para eles crescerem. Infelizmente, muitos que “ensinam” nas igrejas hoje em dia tem um conhecimento muito limitado das Escrituras, o que não deixa de ser um contrassenso. Sem contar que muitas vezes não foram treinados em métodos de ensino e comunicação (o ministério Alvo oferece treinamentos para professores nesta área).

Adotar um currículo livro por livro “engessa” a igreja”.
Não necessariamente! Um currículo é um caminho, um direcionamento. Não é preciso adotar um programa que tenha apenas o ensino expositivo ou livro por livro. Deve continuar havendo ensino de tópicos, palavras devocionais para a igreja etc. O que não se pode mais é abrir mão de ensinar a Bíblia sistematicamente em algum momento da semana da igreja, seja em público ou em particular.

 “Quase não existe material de apoio para estudar a Bíblia livro por livro”
Isso era verdade. Desenvolvemos um Programa de Estudos Bíblicos para apoiar as igrejas que aceitem este desafio de resgatar o ensino expositivo. É um currículo de 4 anos, dividido em fascículos de 12 lições em 48 páginas. Ele auxilia os professores fornecendo lições pré-formatada de cada texto bíblico, com começo, meio e fim, que serão uma ferramenta útil para a preparação da aula. As histórias são abordadas na ordem cronológica.

Pronto! Agora está em suas mãos. Podemos repensar nossa filosofia de ensino bíblico, fazendo pequenos mas essenciais ajustes de rota.

As gerações futuras agradecem.

Marcos Senghi Soares


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Se este artigo reflete a situação da sua igreja local, sugiro que você o compartilhe com seus líderes, presbíteros ou pastores, professores ou coordenadores de Escola Bíblica, Células ou Grupos Pequenos.

Para conhecer o Programa de Estudos Bíblicos Alvo, clique aqui. 

segunda-feira, 4 de novembro de 2013

Dez passos rápidos para introduzir o pensamento liberal em sua igreja

Não que eles precisem de ajuda. Afinal, isso é sabido até no futebol: destruir é muito mais fácil do que construir. Os pernas de pau estão aí para provar a tese. Mas vamos lá. Para ajudar a destruir a fé na Bíblia e em suas doutrinas essenciais é bem fácil.
  1.  Comece “pianíssimo”. Não vá falando o que você pensa tudo de uma vez. Vá aos poucos. Um dia você coloca em dúvida o livro de Jó, mais tarde você questiona os Evangelhos, depois os escritos de Paulo, depois volta para o livro de Isaías. Devagar. Assim fica mais difícil para alguém perceber.
  2. Seja liso como quiabo. Nunca responda diretamente o que lhe perguntarem. Lembre-se: você acredita em um mundo multicolorido, nada de preto no branco. Pode ser perigoso dizer num debate (principalmente se for público) o que você pensa sobre Deus e a Bíblia.
  3. Diga sempre que crê na Bíblia, mesmo que você já não creia mais. É uma questão de sobrevivência. Se fosse disser abertamente que não aceita mais a Bíblia como a Palavra de Deus, os fundamentalistas vão te cortar e você vai perder a visibilidade.
  4. Use e abuse destas expressões: “reinventar”, “livre pensar”, “teologia fora da caixa”, “diálogo”, “interlocução”, “maniqueísmo”, “manipulação”. Elas não querem dizer nada, nós sabemos disso. Mas dão um Ibope...
  5. Sempre que se referir àqueles que insistem em crer nesse livro retrógrado e atrasado, manipulado pelos interesses dos religiosos, que chamam de Bíblia, não perca a chance de identificá-los com os termos “fundamentalistas”, “evangélicos religiosos”, “fariseus”, “hipócritas institucionais”, “donos da verdade”. Dependendo da situação, use também “os malas”, “os seguidores do fulano de tal”.
  6. Evite a todo custo discutir esses assuntos com quem conhece a Bíblia. Prefira os mais jovens e os que não leem nada. É muito mais fácil convencer essa turma do que se desgastar com os outros e correr o risco de ser desmascarado antes da hora.
  7. Seja conservador no púlpito, mas liberal no cafezinho. Nas conversas particulares, zombe o quanto puder desse pessoal atrasado que ainda acha que se faz teologia com Bíblia. Incentive o pessoal a ler mais filósofos, a estudar em faculdades teológicas mais arejadas, que não tenham esse negócio de “linha teológica” definida.
  8. Se não tiver acesso pessoalmente às igrejas, a Internet está aí para isso. Divulgue os links, faça o pessoal mais descolado ouvir três, quatro mensagens dos profetas liberais todos os dias. É faca quente na manteiga...
  9. Comece logo, antes que os líderes e pastores percebam que a coisa é séria. Por enquanto eles estão achando que é implicância de alguns mais radicais. Quando eles acordarem, o estrago já vai estar feito.
  10. Quando perceber que já há um grupo forte o suficiente para apoiar você e questionar as doutrinas da igreja, aí você já pode se manifestar. Esse pessoal vai defende-lo até à morte e você ainda vai ser visto como um mártir.
Vamos lá! Acenda o pavio, jogue a bomba e fique de fora assistindo o que vai dar. 

segunda-feira, 14 de outubro de 2013

AOS MESTRES, COM CARINHO

Nos cursos de Liderança do Alvo, costumo pedir aos participantes que anotem as três pessoas que mais influenciaram suas vidas. Mais de 90% das respostas incluem pais e professores. É compreensível. Bons professores marcam nossas vidas para sempre.

Foi assim comigo também. A começar por minha mãe, Hacy Senghi Soares, que me alfabetizou em casa, antes dos cinco anos, usando a Bíblia como cartilha. Depois, na escola pública, tive professores espetaculares, como a D. Dolle e o Sr. Argemiro,  no tempo de colégio e a Jeanine, na faculdade. Todos professores de Língua Portuguesa. Não foi à toa que me formei em Letras!

Fui criado em uma igreja cristã, onde professores são sempre bem-vindos. A lista aqui é interminável. Começa na infância, onde novamente tive aulas com minha mãe e depois com D. Marlei Torres, nas manhãs quentes de domingo em Tupi Paulista. Elas incutiram em mim o amor que tenho pelas histórias da Bíblia até hoje.

E aí vem uma lista imensa de grandes mestres da exposição da Bíblia, com quem aprendi tanto. Impossível citar todos. Faço um “top 5” para, através destes, homenagear a todos os professores que me instruíram na Palavra. Começo, com saudade cada dia maior, pelo meu pai, Luiz Soares (que ensinava e vivia com paixão); Richard Jones e Henry King, igualmente saudosos. E os queridos Walter Alexander e Gavin Aitken, dos quais desfruto de abençoadora mentoria até hoje.

Sou profundamente grato a cada um. De alguma forma, vocês me influenciaram e me ajudaram a ser e fazer o que faço hoje. Cada vez que escrevo um texto, ministro uma aula ou compartilho com alguém algo que aprendi, vocês todos fazem parte disso.


Mestres queridos, amo vocês. 

segunda-feira, 30 de setembro de 2013

Visita ao xópin

Não se incomode com a grafia aportuguesada. Estou me referindo aos Shoppings, mas o que importa aqui é o conceito. 

Perambular por xópins e aeroportos é um exercício interessante.  Em ambos a gente pode observar pessoas chiques, ver coisas lindas e caras sem ter que gastar um centavo. A menos que você vá de carro, porque aí terá o custo de estacionamento.

O xópin é o paraíso do anonimato: ninguém sabe nada sobre a vida de ninguém e por isso mesmo todos se tornam iguais. Posso parar demoradamente em frente a vitrines caras, estilo Brooksfields ou Polo Play e comentar com a minha esposa: “Olha que preço ótimo daquele terno, só R$ 1.999,00!, mesmo que eu não tenha a mínima intenção ou condição de pagar nem 10% desse valor. Nada mais barato para lustrar o ego do que observar atentamente as caríssimas jóias da H.Stern, uma vez que ninguém sabe se sou cliente potencial ou não. Para todos os efeitos, eu o sou.
 

Observando atentamente, você acaba descobrindo que há mais gente ali fazendo a mesma coisa. Poucos entre aqueles que transitam pelos corredores iluminados, cheios de ofertas a preços exorbitantes, entram nas lojas e compram alguma besteirinha. Quando acontecesse, saem balançando bem alto as sacolinhas de grife, esbarram em você  
sem querer" para que você note como podem, como gastam! 

Imagino se muita gente que frequenta igrejas durante o final de semana não pensa que está indo, mesmo, ao xópin. Chega, deixa as crianças com as "monitoras do parquinho" (a classe de Escola Dominical), enquanto aproveita para dar uma passeada, exibir o novo figurino, participar do programa, ouvir um pouco de música, para depois de algum tempo (o mínimo que for possível) pegar as crianças e voltar para casa. Se por acaso sobraram uns trocados no bolso, podem colocá-los na sacola de ofertas, como quem dá aquele “agrado” para guardadores de carro. 

Tal como no xópin, você pode entrar e sair sem levar nada. Pode ser só um passeio mesmo, um passatempo: momento de distrair-se um pouco, ver pessoas, olhar vitrines, mas chegar à porta de saída do mesmíssimo jeito que entrou. Você pode escolher o que mais lhe interessa e até decidir que nada daquilo é para o seu bico. Pode escolher o horário mais conveniente. Tudo muito interiorizado. Ninguém precisa saber quais são as suas reais intenções. Não existe lei que proíba olhar e não levar. Ou ouvir e não escutar. Ou ser ensinado e não aprender.
 

Isso só é possível no contexto da igreja atual porque  inventaram o “foro íntimo”. Ele é conhecido popularmente como o “ninguém-tem-nada-a-ver-com-a-minha-vida”.  É a ideia do "cada um por si e que Deus tenha misericórdia de nós".


Não admira porque os tais frequentadores podem estar ali por décadas, sem passar por nenhum tipo de transformação: é que ao invés de saírem de casa com o coração de adoradores, saem com a mentalidade de consumidores.

quarta-feira, 25 de setembro de 2013

Cânticos da Caverna parte 4 (Salmo 57): A Turma de Adulão

A introdução do salmo informa que Davi o escreveu "quando fugia de Saul, na caverna."  É provável que tenha sido a caverna de Adulão (I Samuel 22:1-5), onde Davi iniciou sua carreira de “discipulador de bandoleiros”. A ele se juntaram todo tipo de gente com problemas que você possa imaginar! Não bastasse sua vida de fugas e sobressaltos, agora ele se tornou o chefe de 400 homens com nome sujo no SPC, Polícia Federal, sogros bravos, credores furiosos.

Quando se sentam para uma refeição improvisada, o equivalente ao brasileiríssimo cafezinho, lá no fundo da caverna úmida e escura, os novos e únicos amigos de Davi esperam que ele lhes diga alguma coisa. Eles se reúnem em volta do futuro rei de Israel, ajeitam-se amontoados e fazem um silêncio reverente. Davi pega sua harpa e começa a tangê-la. E o seu canto é surpreendente para o momento que todos vivem:

“Firme está o meu coração ó Deus, o meu coração está firme; cantarei e entoarei louvores. Desperta ó minha alma! Despertai lira e harpa! Quero acordar a alva. Render-te-ei graças entre os povos; cantar-te-ei louvores entre as nações”.
Como é que alguém poderia cantar isso numa situação daquelas? E qual o impacto que isso deve ter causado na vida e no moral daqueles homens que se refugiaram na caverna de Adulão, fugindo de seus problemas e crises pessoais?

Davi pede para ficar “debaixo das asas” de Deus (v.1). Que imagem linda de proteção e cuidado! Uma ave aninhando seus filhotes em meio a uma tempestade passa sempre a ideia de paz em meio ao caos. É assim que Davi se sente: “só até a calamidade passar”.

Mais uma vez, ele reconhece que sua situação não é das melhores (v.2-4). Ele depende do livramento do Senhor, caso contrário sua vida estará em risco. Seus inimigos não lhe darão trégua. Ele os descreve como homens ferinos e maus, que não teriam dúvida em apelar para a violência para eliminá-lo do cenário.

Em meio a seus problemas e angústias, Deus continua sendo seu tema principal. Um Deus exaltado, soberano, Senhor da história e da sua história particular. O louvor não produz nada, ele é sempre o resultado, o fruto dos lábios que confessam o nome do Senhor. Davi não está louvando para esquecer seus problemas ou para acalmar seu coração. Ele exalta a Deus por saber que Ele continua sendo Deus apesar de sua situação não ser favorável.

Sua experiência pessoal com Deus lhe permite confiar em seus atributos maravilhosos: misericórdia (v.1, 3), fidelidade (v.3), soberania (v.5). Deus se revela, se envolve, se apresenta. Embora haja dias em que Ele parece estar escondido em algum lugar da imensidão do Universo, podemos firmar nosso coração da certeza de que ele nunca esquecerá seu amor e cuidado pelos seus.


Portanto, quando a gente precisa entrar na caverna, mesmo que fugindo de pessoas más que não querem o nosso bem, temos a garantia de que ali a misericórdia e a fidelidade de Deus estão conosco. O segredo é manter firme o coração em Deus. Isto é praticamente a única coisa que podemos controlar enquanto o mundo se vira contra nós. Davi não podia controlar o coração e os impulsos de Saul, mas podia controlar os seus. E decidiu não abrir mão desta decisão. 

segunda-feira, 16 de setembro de 2013

Cânticos da Caverna parte 3 (Salmo 56): Teologia do Choro

Na mesma época, quem no mesmo dia até, que escreveu o salmo que consideramos na postagem anterior, está o salmo 56. Portanto, não é necessário repetir o contexto histórico.

As circunstâncias são absolutamente desfavoráveis. Davi não nega isso (v.1-7). Ele não faz uma “confissão positiva”, rejeitando o sofrimento e o aperto que está passando. Ao contrário, ele os relata com todas as letras diante do Senhor. Ele está consciente de que sua vida corre risco. Ele sabe que não pode baixar a guarda, que tem gente no seu encalço. Que as pessoas estão colocando seu pescoço a prêmio.

A vida não está fácil para Davi. A vida não é fácil para ninguém. E então ele chora (v.8). Derrama lágrimas que as mães de crianças pequenas chamam de “choro sentido”. Ao longo da vida você vai descobrindo que o choro, assim como a morte, nos nivela, nos iguala, nos coloca debaixo da mesma situação. O choro é democrático. Choramos quando percebemos que não temos resposta, que não temos saída. Choramos quando temos medo, ou quando estamos com raiva, ou tristes ou quando alguma coisa não saiu conforme o esperado. Choramos quando nos sentimos impotentes diante de uma situação. Quando percebemos que as circunstâncias estão fora do nosso controle, que não temos força para reverter o quadro. É quase um ato de entrega. É o reconhecimento da nossa limitação, na nossa pequenez, da nossa vocação para poeira. A gente veio do pó. Choramos porque somos humanos, porque somos normais.  

A grande descoberta de Davi é que Deus estava presente o tempo todo, recolhendo cada lágrima em seu odre (v.8b c/ II Reis 20:5) e no seu livro (v.8c). A linguagem é poética, mas não poderia descrever de forma melhor o cuidado amoroso do Pai. Quem mais faria isso por nós? Em contraste com aqueles que o seguiam para “espionar seus passos” (v.6), ele sabe que Deus “contava seus passos”.

A esperança de Davi é clara como cristal. Ela é posta “em Deus” (v.4, 10, 11). Na versão Septuaginta, esta expressão é “en Teos”, de onde temos nossa palavra “entusiasmado”. Deus é a nossa grande motivação. Quando esperamos nele, fixamos nossos olhos no “todavia” e não no “ainda que” (Hc 3:17-18). Sua palavra é fiel e digna de louvor (v. 10). Ele não é um Deus confuso e inconstante, que cada dia fala uma coisa diferente. Ele é totalmente confiável. Como ele encontramos a “luz da vida” (v.13). Podemos caminhar com confiança, andando em Sua presença.

Estas palavras não foram o produto de um afastamento da vida real. Não foram escritas em um mosteiro, mas em uma profunda caverna, física e existencial. Se consideramos este salmo uma pérola, porque foi regado com as lágrimas de seu compositor, podemos também considera-lo com inscrição em rocha, porque foi talhado na confiança inabalável da inegável experiência pessoal de quem disse estas palavras. 


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segunda-feira, 9 de setembro de 2013

Cânticos da Caverna parte 2 (Salmo 34): Expulso de Novo

Ficou claro para quem convivia com Saul que ele falava sério a respeito de eliminar Davi.

Jônatas, o filho de Saul, era o melhor amigo do futuro rei. Foi ele quem lhe avisou de que Saul estava mesmo decidido a tirar-lhe a vida. Ao saber disso, Davi fugiu para Nobe, uma cidade de sacerdotes ao norte de Jerusalém. Foi ali que ele comeu os pães sagrados, episódio evocado por Jesus diante dos fariseus. Então, ele atravessa a fronteira e tenta asilo em Gate, com o rei Aquis (Abimeleque era um título de sua dinastia, como “Faraó”) Com medo de que Davi estivesse ali como espião, os funcionários do rei desconfiam dele e o denunciam. Davi fica com medo, se finge de maluco para ser poupado e é expulso de lá. Agora, é o procurado  número 1 em sua terra e não é bem quisto no país vizinho. Leia o episódio completo em I Samuel 21:1-5; 22:1-2).

Nesta ocasião, ele escreve o salmo 34, bem conhecido de quem lê a Bíblia regularmente. Alguns de seus versículos estão entre os mais citados da Bíblia, como “o anjo do Senhor acampa ao redor dos que o temem o os livra”; “engrandecei ao Senhor comigo e todos à uma lhe exaltemos o nome” ou ainda “perto está o Senhor de todos os que o invocam”. Raramente, no entanto, paramos para considerar o que o autor estava passando quando escreveu essas coisas. Quando sabemos, as palavras destes salmos ganham outro significado.

Sua primeira frase define uma decisão que ele tomou na vida: o louvor a Deus permanecerá sempre em seus lábios. Ao invés de reclamar e se lamentar, Davi prefere usar suas forças e habilidade artística para engrandecer o nome do Senhor. Quando as coisas não saem conforme o que esperamos ou gostaríamos, somos confrontados com as mesmas opções. Então diga com sinceridade: quando você está sendo atacado, perseguido, desprezado e odiado, a primeira coisa de que você se lembra é do seu hinário? Dá uma vontade de cantar louvores quando alguém quer acabar com você? Esta era a opção de Davi.

O texto de I Samuel 21:12 afirma que Davi “ficou com muito medo de Aquis”, quando este demonstrou que não queria sua presença por ali. Agora, diante do Senhor, de coração rasgado, o salmista diz “livrou-me de todos os meus temores” (v.4). Nosso problema não é sentir medo, mas o que fazer quando sentimos medo. A gente pode ficar paralisado e desistir da vida ou pode assumir que estamos com medo e confessar isso ao Senhor. Três verbos nos versículos 4 a 6 indicam a atitude certa quando o medo nos assola: buscar, contemplar e clamar ao Senhor. As três palavras indicam uma atitude de entrega. A busca de uma criança pelo colo da mãe ou do pai indica confiança total e anseio por segurança. A contemplação é o que melhor descreve a ideia de adoração. O clamor, no jargão jurídico, é a apelação em última instância. Assim, podemos enfrentar todos os nossos temores. 

Fazendo isso, Davi conseguiu ver que “o anjo do Senhor acampa ao redor dos que o temem e os livra” (v.7-8). Qualquer que seja a interpretação dada a este versículo, fica claro que Davi cria na presença protetora do Senhor em sua vida. Ele já tinha experimentado dormir com o inimigo acampado ao seu redor. Mas seus olhos espirituais lhe permitiam enxergar mais longe. Assim como Geazi só conseguiu ver os exércitos da Síria, enquanto Eliseu via os exércitos celestiais a guarda-los, Davi era capaz de confiar na proteção constante de Deus. Ele estava cantando: “Pode confiar em Deus, vale a pena se refugiar nele”.

Então ele se dirige aos “filhos” (provavelmente uma referência aos homens que estavam com ele) para lhes ensinar uma lição de vida naquele momento de adversidade (v.9-12): ele não permitiria que as circunstâncias determinassem seu destino e muito menos o seu caráter. Ele estava sofrendo duramente nas mãos de pessoas ímpias, que o privaram das coisas mais essenciais da vida, como um teto e um banho decente. Mas ele não revidaria com a mesma moeda. Continuaria crendo e ensinando que o temor do Senhor, manifesto em ações claras de retidão (como refrear a língua e se apartar do mal) são as características de quem realmente “ama a vida”.

Para fechar este salmo acróstico com chave de ouro, descobrimos que a presença do Senhor se manifesta na vida de Davi nesses momentos de perseguição e angústia de forma quase tangível (v.15-18). As palavras que ele usa para relatar que o Senhor estava perto dele são de um momento cara-a-cara: “os olhos do Senhor”; “o rosto do Senhor”; “os ouvidos do Senhor”. Deus não é um Ser distante, indiferente, burocrático. Muito ao contrário, para Davi, Deus está ali, rosto colado com ele. Pode ouvir o sussurro do seu coração angustiado. Está vendo tudo o que se passa. Deus está presente também nos momentos difíceis pelos quais o salmista passa. 

Para ler a Parte 1 clique aqui

segunda-feira, 2 de setembro de 2013

Cânticos da Caverna parte 1 (Salmo 59): Encurralado















A vida de Davi pós-Golias foi cheia de aventuras desagradáveis. Nada era fácil para Davi que, de verdade, nunca tinha pedido aquela vida. Ele estava tranquilo no campo, cuidando das ovelhas de seu pai, tocando harpa e compondo suas canções.

De repente, ele é ungido por Samuel; daqui a pouco vira herói de guerra, é convidado para trabalhar no palácio e da noite para o dia vira o comandante do exército do seu país. O que tinha tudo para ser um roteiro perfeito para o estrelato, a fama e o sossego, acabou jogando o ex-pastorzinho no olho de um furacão terrível, chamado Saul. Sua vida nunca mais seria a mesma. É verdade, ele seria o melhor rei da história de Israel. Mas antes disso, mais de uma década de espera, regada a muito sofrimento.

Sua atitude diante das adversidades, registrada nos salmos que ele continuou compondo nessa época, é digna de nota. Aprendemos lições preciosas sobre como reagir às coisas desagradáveis que a vida nos reserva, lendo os hinos que ele escreveu durante o período.

Comecemos pelo Salmo 59, que escreveu quando Saul cercou a casa onde estava para o matar (I Samuel 19:11-17).

Por ter se tornando o comandante do exército de Saul, Davi era responsável pelas incursões militares contra os filisteus (I Sm 18:5-6). Seu sucesso foi tão grande que ele caiu nas graças do povo. Já rejeitado por Deus e consciente de que o reino não seria da sua família, Saul começa a se preocupar com uma única coisa em sua vida: matar Davi. Seus planos começam com o envio de soldados para cercar a casa onde seu genro morava com Mical. Ela o ajuda a fugir e o ajudou a ganhar tempo, inventando uma história de que ele estava doente. Nesse dia ele escreveu o salmo em questão. Leia-o na íntegra para que os comentários façam mais sentido.

Davi, embora ainda jovem, já era um guerreiro valente. Mas não é nisso que ele confia quando acorda com a notícia de que a casa estava cercada. A primeira estrofe do seu cântico é uma declaração de fé no livramento de Deus (v.1-3). Diante das adversidades, muitas vezes a gente quer lutar sozinho, confiar em nossas habilidades, treinamento e conhecimento. Não é bom negócio. Deus sempre será a melhor opção de companhia.

Ele estava sendo acusado, injustamente, de ser um traidor de Saul. É incrível como a língua pode destruir a reputação até mesmo de um extra-série como Davi (v.4-7). A calúnia e a maledicência são a arma dos invejosos. Não podendo chegar no nível do seu sucessor, Saul utiliza de todos os recursos para desqualificar seu adversário. Se você já passou pela desagradável experiência de ser caluniado, você sabe bem o que Davi estava sentindo.

Não apenas isso. Sua vida estava em perigo. A guarda de Saul não estava fazendo sua proteção pessoal: estava pronta para mata-lo. Sentindo-se acuado (v.6, 14-15), ele descreve o cerco à sua casa como alguém rodeado por uma matilha faminta. A violência, a ameaça e a intimidação são o recurso daqueles que não têm argumentos.

Diante de tudo isso, embora indignado com a injustiça da situação, ele entrega a vingança de seus inimigos ao Senhor (v.10-13). Não vai tirar satisfações. Não vai à forra. Seu rei estava sendo desleal, o grupo que o apoiava também, mas ele não se vingaria.

Para surpresa geral (de quem não o conhece bem), Davi afirma não apenas seu desejo de cantar, mas ao afirmar “pela manhã louvarei com alegria” ele expressa a certeza de que estaria vivo no dia seguinte, não obstante a casa onde dormia estar cercada de homens enviados para matá-lo. Isso é o que se pode chamar de confiança!

Atitude notável em circunstâncias tão complicadas. Esta postura será, inclusive, marcante em todos os salmos que analisaremos. Ele ainda não está em uma caverna física neste capítulo, mas aqui inicia uma fuga que levará anos. Será separado da esposa (que será dada a outro homem por Saul), nunca mais vai voltar para casa e vai viver como um foragido por muito tempo. Motivos mais do que justificáveis para alguém passar um bom tempo se lamentando.


Não para Davi. Quando o fogo da adversidade começa a queimar, ele escolhe cantar e renovar sua fé em Deus. 

quinta-feira, 29 de agosto de 2013

Cânticos da Caverna


Os capítulos 19 a 24 de I Samuel estão entre os mais difíceis da vida de Davi. Eles narram os momentos mais agudos da perseguição injusta que ele, já ungido o novo rei de Israel, sofreu por parte de Saul.

Nesses dias, que se prolongaram por meses e acabaram se tornando anos, este poeta bíblico escreveu pelo menos 8 salmos. Boa parte, senão todos, foram compostos enquanto ele se refugiava nas cavernas de Adulão (I Samuel 22:1) e de En-Gedi (I Samuel 24:3).

Eram momentos complicadíssimos. Ele não estava em uma casa de campo ou nas montanhas de Campos de Jordão, com um violão de primeira linha, café da manhã na cama e sauna à tarde para relaxar. Sua situação era apertada, sua vida corria risco constante.

Porém, os salmos que escreveu nesta época são plenos de confiança, louvor e esperança. Convido você para ouvir estas canções com interesse. Mas antes, quero incentivá-lo a conhecer o contexto histórico em que foram escritos.

Você vai descobrir como estava o coração de Davi e como ele reagia diante das circunstâncias.

São os Cânticos da Caverna, cujas notas ecoaram através dos séculos, preservadas como foram pela soberana vontade de Deus. Eles chegaram até nós com autoridade de Escritura Sagrada e vão inspirar nossas vidas enquanto trilhamos caminhos difíceis, às vezes injustos, pelos quais a vida nos leva.

Acompanhe aqui esta série de reflexões.

quinta-feira, 8 de agosto de 2013

GIL GOMES QUEM LHES DIZ...


Você se lembra do famoso repórter policial e apresentador de rádio e TV Gil Gomes? Ele anda sumido da mídia, mas hoje foi entrevistado por um programa de TV. Sua voz e impostação diferentes sempre foram uma marca registrada. Sua maneira de contar histórias era envolvente. Seu estilo era inconfundível. Bem, nem tão  inconfundível assim. 

Eu me lembrei de outra que concedeu no auge da carreira. Contou histórias, curiosidades da profissão, detalhes da vida pessoal. Lá pelas tantas, perguntado sobre como se sentia com tanta gente a imitá-lo nos programas de humor, ele revelou uma situação inusitada. Disse que certa vez uma rádio de São Paulo promoveu um concurso para ver quem imitava melhor o Gil Gomes. Ele achou a proposta engraçada, gravou uma fita de si mesmo e mandou para o programa. Só mesmo com ele. Adivinha o que aconteceu? Pegou o terceiro lugar! Os examinadores acharam que o Gil Gomes imitado era mais parecido do que o Gil Gomes real. Houve duas imitações que foram consideradas mais originais do que o próprio original!

Interessante isso. Veja como é fácil a gente se enganar. Como é fácil comprar "gato" por "lebre". Sem uma avaliação mais criteriosa das situações, estamos sujeitos muitas vezes a comprar informações, conceitos e valores que parecem originais, mas não passam de uma fraude. Por isso é bom tomar muito cuidado com tudo o que a gente vê, ouve e lê. Cada dia que passa recebemos mais e mais informações e grande parte delas são geradas para confundir e atrapalhar a vida. Com a blogosfera a todo vapor, cada um pode escrever o que quiser, e tudo vira "verdade". Até gente que não lê e não acredita na Bíblia se mete a falar de teologia. Imitam bem, falam fluentemente, como se fossem verdadeiros. Mas são uma fraude. Verdadeiras fitas gravadas para um programa de imitações. 

Então, verifique bem a fonte onde você anda bebendo. Porque tentar aprender teologia com gente do tipo de Jung Mo Sung é o mesmo que tentar aprender inglês com o Joel Santana. 

segunda-feira, 22 de julho de 2013

Tempestade de 10 minutos

Fotos de Fabiano Pereira

Domingo, 21 de julho de 2013. Por volta das 16h, uma tempestade com ventos de 120km/h atingiu a Noiva da Colina, a nossa querida Piracicaba. Em alguns pontos da cidade, como no caso do apartamento onde moramos, a coisa foi quase imperceptível. Exceto pelo tuc-tuc-tuc de pedrinhas de granizo na janela, nem de longe dava para sonhar com o que estava acontecendo por aqui.

Somente com a queda de energia é que percebemos que era mais sério. Houve muitos danos aqui mesmo no condomínio e pela cidade toda, um rastro de destruição. Árvores caídas, rede elétrica danificada, carros arrastados. Um cenário inacreditável para um fenômeno que não durou mais do que 10 minutos! A força do vento e da chuva foi tremenda. Muita gente relatou nunca haver passado por coisa semelhante na vida. Tudo muito rápido, mas muito intenso e de consequências igualmente profundas.

O pecado é assim. Rápido. Inesperado. Desconcertante. Incontrolável. Foi só um fruto, e Adão e Eva passaram a morte a todos os homens. Foi só uma noite, e Davi enrolou sua vida. Foi só uma capa, e Acã assinou sua sentença de morte. Foram só 30 moedas e Judas traiu o Cristo. Foi só uma mentira, e Ananias e Safira caíram mortos diante de Pedro.

Invariavelmente, seja qual for a situação ou circunstância, o pecado é devastador. Leva tudo o que tem na frente. Não respeita ninguém: crianças, jovens, adultos ou idosos. Derruba tudo: seja um hospital, uma escola, uma igreja ou uma casa de caridade. Não existe saldo positivo depois dele. Só terra arrasada, destruição, problemas e um alto custo de reconstrução. Em dez minutos ele derruba o que você levou a vida inteira para construir.


Por isso, não tente enfrenta-lo sozinho. É como tentar parar uma tempestade no peito. Você precisa de uma proteção maior e mais forte. Precisa estar escondido na “Rocha mais alta que você” (Salmo 61:2).  

Este é o único lugar seguro.

quarta-feira, 3 de julho de 2013

A cultura da dúvida

Estamos assistindo à chegada de uma tendência nova, insuflada pelos ventos da pós-modernidade: agora é proibido ter convicções. A palavra do momento é “duvidar”. Duvide de tudo: de seus pais, do governo, da mídia. Na mesma esteira, chegou também a onda de duvidar de Deus e de Sua Palavra.

Um dia desses, estava conversando com uma pessoa que se dizia maravilhado com a “nova forma de pensar” que estava aprendendo com o seu “pastor”. Segundo ele, o nosso problema (traduzindo, daqueles que ainda acreditam na Bíblia como a Palavra de Deus) é que nós precisamos aprender a “ler a Bíblia com outros óculos”. O garoto me disse que eu tinha “medo de fazer perguntas”. Outra vez, alguém achou brilhante a frase “quando tudo o que você sabe sobre Deus não resolve mais e o novo ainda não chegou” para dizer que a fé que aprendemos de nossos pais não é suficiente para aquietar o nosso coração.

Mais recentemente, alguém comentou comigo que estava se sentindo um peixe fora d’água no meio dessas pressões, porque volta e meia alguém lhe diz, em tom jocoso, que ele tem “mais convicções do que perguntas”. Como se isso fosse um crime.

Ouvi isso muitas vezes e confesso que cheguei a me perguntar se eles não tinham razão. Isso porque os ataques vêm embalados numa falácia sutil: quando você diz ter alguma convicção, eles retrucam, com ares de pretensa humildade: “mas quem pode dizer que sabe alguma coisa? Isso é coisa de gente enfatuada, de ‘religiosos’. O certo agora é ter muitas dúvidas, muitas perguntas.

Na mesma conversa daquele rapaz que está atrás de óculos novos, ele compartilhou o que considerava uma extraordinária descoberta exegética do seu pastor filósofo: o tal “mestre” afirmou do púlpito que, ao ajoelhar-se, o homem está exercendo o maior papel que um ser humano pode assumir: o de adorador. De joelhos, você é homem de verdade.  Até aí, nenhuma novidade. O “extraordinário” viria a seguir: “me arrisco a dizer”, completou o pregador, “que quando você se ajoelha para orar não importa nem para quem você está orando; o que interessa é que você está exercitando a sua espiritualidade”.

Quando respondi que Isaías 44 não chama isso de “nobre exercício de espiritualidade”, mas de idolatria vã, a resposta foi: “Mas será que é mesmo isso que Deus quis dizer”? Ou seja, a mesma pergunta feita pelo primeiro teólogo liberal da História, a serpente no Éden, ecoava agora nos lábios de um menino recém saído das fraldas, que não sabe a diferença entre a mão direita e a mão esquerda, mas que resolveu beber da fonte errada.

Depois, peguei a minha Bíblia e fui ler o que o apóstolo João escreveu na sua segunda carta. Se esse povo tem razão, então esse apóstolo era um tremendo falastrão, um religioso enfatuado que achava que era melhor do que os outros. Senão, o que o teria levado a escrever na sua primeira carta por OITO VEZES (leia por si mesmo os textos a seguir: I João 2:3; 2:5; 3:2; 3:14; 5:15; 5:18; 5:19; 5:20) a expressão “SABEMOS”. Isto é dúvida ou convicção?

O mais curioso nessa história é que esses mesmos que pregam a dúvida e o questionamento não admitem ser questionados. O mesmo falso profeta que “ensinou” essa bobagem a respeito de “espiritualidade”, quando questionado por mim em um desses fóruns de debate a respeito de algumas de suas posições teológicas, saiu-se mais ou menos assim: “sua pergunta não é importante. Eu não preciso explicar o que escrevo nem o que digo”.

Outro, quando percebeu que alguns leitores discordavam de uma postagem sua no Facebook , simplesmente DELETOU e BLOQUEOU  todos os contrários, deixando apenas os comentários elogiosos. Então, é para questionar, mas só eles podem fazer as perguntas.

Será possível que em 20 séculos de História da Igreja, ninguém tinha percebido o que essa gente “descobriu” agora? E afinal, o que estão realmente questionando? Alguns estão tentando fazer com que a Igreja volte ao Judaísmo; tem gente querendo ser circuncidado, guardar o sábado, tentar cumprir a lei. Outros, querem ressuscitar a mentira do Universalismo (dizendo que “o inferno existe, mas está vazio, porque Deus não vai deixar ninguém lá”). Outros querem que você creia em um deus fraco. Um deles pregou em uma conferência de uma [até então] renomada instituição de formação de líderes que a idéia de um Deus Todo-poderoso é alheia ao Evangelho, porque esse tipo de “deus” é um deus grego. Alguns, mais ousados, combatem a inerrância das Escrituras e sua autoridade normativa.

Então é isso que querem questionar? Ah, bom. Aí fica mais fácil de entender. Porque essas coisas sempre vinham da parte daqueles a quem conhecíamos (corretamente) como os “descrentes”; agora vem daqueles que estão nos púlpitos dos "crentes". Eles precisam decidir de que lado estão.

Eu não sei tudo. Há muitas perguntas para as quais não tenho resposta. Não sou melhor do que ninguém. Mas não tenho medo de ter convicções. Inclusive porque são elas que me mantém de pé quando enfrento momentos de dúvida e incerteza. Existem algumas coisas sobre as quais eu não quero duvidar. Elas são a âncora da alma de quem conhece a Deus experimentalmente, não por ouvir dizer.

Não abro mão dessas verdades. Pedro, embora ainda tivesse muito que aprender quando disse essas palavras, falou o que eu sinto igualmente: “Para quem iremos, Senhor? Tu tens as palavras da vida eterna. E nós temos crido e conhecido que tu és o Santo de Deus” (João 6:68-69). É aí que está a diferença: quem diz que crê mas não conhece, está sempre em dúvida.

O que a gente precisa fazer é decidir de que lado a gente está: dos que crêem, ainda que não compreendem tudo, ou dos que duvidam de tudo, apesar de saberem tanto.

Marcos Senghi Soares


sexta-feira, 21 de junho de 2013

O Povo no meio do povo














O povo brasileiro saiu às ruas.

Ainda não é claro o que ou quem tenha levado os milhares para as manifestações e protestos nem qual é, exatamente, o foco das reivindicações. O fato é que, mobilizados pelas mídias sociais, com uma liderança horizontal não facilmente identificável e um discurso amplo (talvez amplo demais), eles estão aí.

Em sua maioria adolescentes e jovens, são acompanhados de profissionais engravatados, senhores e senhoras, avós e famílias inteiras, eles mostraram a cara. Mostraram que na evolução de uma nação rumo ao desenvolvimento não se aceita mais apenas samba e futebol.

É direito do povo, dentro das regras do Estado Democrático de Direito, fazer sua voz ouvida nas ruas e exigir que seja representado condignamente em todas as esferas do poder. Tudo isso está certo.

Porém, no meio deste povo brasileiro há outro povo. Que não tem nacionalidade, nem bandeira partidária, nem ideológica, nem mesmo religiosa ou denominacional. É o “povo de propriedade exclusiva de Deus” (I Pedro 2:9). É formado por aqueles que submeteram suas vidas voluntariamente e por fé ao Rei dos reis e Senhor dos senhores. Este Governador não compactua com a injustiça, uma vez que esta é essencialmente contrária ao Seu caráter:

 “Ai dos que decretam leis injustas, dos que escrevem leis de opressão, para negarem justiça aos pobres, para arrebatarem o direito aos aflitos do meu povo, a fim de despojarem as viúvas e roubarem os órfãos” (Isaías 10:1-2 RA).
“Quando os justos florescem, o povo se alegra; quando os ímpios governam, o povo geme” (Provérbios 29:2 NVI).
Por isso, é perfeitamente cabível que este Povo também participe das passeatas, exponha seu pensamento e cobre as autoridades, com o devido respeito à lei e à ordem. Mas há algo que este Povo Exclusivo pode fazer que ninguém mais pode.

1. Este Povo Exclusivo pode clamar por justiça social, contra a opressão e os desmandos com voz profética. Quer dizer, pelas mesmas razões que os profetas clamaram. Isaías, Miquéias, Sofonias, entre outros, não eram reformadores sociais. Eles não estavam preocupados apenas em fazer uma sociedade ou um mundo melhor. Suas razões eram outras.  Sua verdadeira denúncia era: “vocês estão colhendo as conseqüências de sua decisão de dar as costas para Deus”. Esta lógica continua valendo. O mesmo Isaías afirmou:

“Quando os teus juízos reinam na terra, os moradores do mundo aprendem justiça” (Isaías 26:9 RA)
2. Este Povo Exclusivo pode ir além das causas sociais. É bom lembrar que o mesmo Isaías que denunciou a injustiça social também ergueu sua voz com os que seguiam a bebedeira, a imoralidade sexual e a manipulação do sacerdócio (Isaías 5:8-23). Em uma frase: contra seu estilo de vida frívolo e ímpio. Tenho o direito de questionar se o engajamento que se cobra dos cristãos às passeatas prevê esta pauta também.

3. Este Povo Exclusivo pode dar exemplo. Não é preciso ser cristão para ser honesto, ético e incorruptível. Mas para o cristão isto não é opção: é obrigação. Um cristão precisa ser correto dentro e fora da igreja; para quem pertence ao Reino de Deus as finanças são santas tanto no caixa da igreja quanto nos negócios ou no governo. As negociatas por baixo da mesa não deveriam ser aceitas em nenhuma instância da vida. E se povo brasileiro quiser saber o que certo, o Povo Exclusivo precisa saber apontar o caminho. Vale inclusive na hora de usar carteirinha falsa de estudante para pagar meia entrada no cinema, colar na prova ou mentir para os pais.

4. Este Povo Exclusivo pode orar. Não a oração do acomodado, daquele que espera Deus fazer o que ele sabe que é responsabilidade dele (como acudir ao necessitado, indignar-se contra toda forma de discriminação ou injustiça etc). A oração muda a História. Mudou no tempo de Neemias, mudou no tempo de Elias, mudou no tempo de Atos. E pode mudar a História do Brasil.

Diante disso, o que fazer? Sair à rua e juntar nossa voz à do sofrido povo brasileiro, cansado de ser feito de massa de manobra nas mãos de políticos inescrupulosos ou ir para a igreja orar? Dobrar os joelhos dentro do quarto ou esticar as canelas na passeata?

A resposta vem na forma de outra pergunta: por que um OU outro? Quem disse que são excludentes? Como cidadãos brasileiros, o povo de Deus deve reivindicar, sim, o fim da corrupção (que, diga-se de passagem, não começou no atual governo, mas é uma praga histórica que nos acompanha desde o “descobrimento”), da bandalheira, do descaso com a saúde pública.

Como cidadãos do céu, o povo de Deus deve clamar, reverente, pela misericórdia de Deus sobre nosso povo; por seus governantes (sejam eles do partido que for); e, especialmente, pela conversão dos corações do povo brasileiro a Deus.

Que este momento histórico na vida do país seja histórico também na vida da Igreja brasileira.

Viva o Brasil! Solo Deo Gloria!

Marcos Senghi Soares

quinta-feira, 9 de maio de 2013

Repensar a vida?


Na semana passada passei por um daqueles sustos a que estão sujeitos todos aqueles que, por um motivo ou por outro, precisam viajar bastante. Uma decolagem abortada no fim da pista de Viracopos quase levou 200 pessoas para a eternidade, entre as quais estava eu. Alguns entraram em pânico, foi um susto geral.

Por isso tudo, acabei perdendo a conexão que me levaria ao destino e voltei para casa. Feliz por estar vivo, mas frustrado por não ter conseguido cumprir o compromisso agendado há meses com o pessoal de Rondônia.

Duas lições me vieram à mente. Compartilho com meus leitores, porque poderão ajudá-los a refletir, como eu, sobre questões importantes da vida. A primeira é que, simplesmente, não temos controle de nada nessa vida. A gente acha, ingênua ou vaidosamente, que cuidamos na nossa agenda, dos nossos compromissos, do nosso planejamento. Quando percebi que iria “furar” com mais de 60 líderes de todo o estado que estavam se dirigindo para Jaru/RO, lembrei-me do texto de Tiago 4:13-15:

Ouçam agora, vocês que dizem: "Hoje ou amanhã iremos para esta ou aquela cidade, passaremos um ano ali, faremos negócios e ganharemos dinheiro". Vocês nem sabem o que lhes acontecerá amanhã! Que é a sua vida? Vocês são como a neblina que aparece por um pouco de tempo e depois se dissipa. Ao invés disso, deveriam dizer: "Se o Senhor quiser, viveremos e faremos isto ou aquilo".
Não é porque você está fazendo a obra de Deus que você pode achar que está no controle de alguma coisa. Uma simples neblina (que no meu caso foi literal) pode afetar toda uma programação. Não somos capazes de controlar o tempo, nem o tráfego aéreo, nem o que vai acontecer amanhã. Para dizer a verdade, de uma forma bastante humana, a gente não é capaz de controlar nem o próprio intestino! Se ele resolver funcionar em momento inconveniente, estamos roubados! Nossa vida está nas mãos de Deus. Não nas nossas próprias. Ainda bem.

A lição até aqui já seria suficiente para me envergonhar bastante. Mas quando abri a Bíblia para ler o texto in loco, levei um susto. Veja bem o que diz o versículo seguinte, a respeito dessa idéia tosca de achar que controlamos alguma coisa na vida:

“Agora, porém, vocês se vangloriam das suas pretensões. Toda vanglória como essa é maligna”.
Só isso ou quer mais? Quem acha que controla a vida está agindo com pretensão maligna. Só me restou pedir perdão por agir assim.

A outra lição veio quando uma amiga me perguntou se eu tinha “repensado a vida” durante aqueles segundos e se eu iria mudar alguma coisa em função da experiência. Fiquei surpreso com a minha própria resposta, mas passados alguns dias do ocorrido, creio que respondi o que realmente penso. E a resposta é “não”. Talvez pela primeira vez na curta soma dos meus dias eu pude dizer que, caso tivesse partido para a eternidade, teria seguido feliz por estar fazendo exatamente aquilo que gostaria de fazer até o fim da minha vida: treinar líderes para o Reino de Deus.

Não tenho medo da morte, embora queira ficar vivo o maior tempo que me for concedido. Acima de tudo, tenho medo de viver fazendo aquilo que não seja o propósito de Deus para mim. A vida frustrada é o jeito mais trágico de morrer.

Sou grato a Deus por ter-me dado a nova oportunidade de encontrar Sua vontade e por me dar a cada dia a graça de poder cumpri-la, apesar de mim e todas as minhas falhas e limitações.

segunda-feira, 1 de abril de 2013

É mentira!

Hoje é dia 1º de abril, dia dos tolos, dia da mentira, dia de pregar peças. Dia da mentira não é coisa nova. É tão velha quanto seu pai. Tão suja quanto ele. Mentira branca, azul, amarela. Mentira comercial, para se dar bem, para as coisas não ficarem piores. É tudo do mesmo saco. Vem todas do mesmo buraco. Mentir para os filhos, para o marido, para a professora, para o namorado, para os pais. É tudo a mesma estratégia, que começou a ser usada pela velha serpente. O problema é que, embora a mentira tenha pernas curtas, elas são bem torneadas, não têm varizes nem celulite. Por isso chamam atenção e muito marmanjo corre atrás dela babando. 

Agora, mentira não é só o ato de faltar com a verdade. Pode ser um ato de pensar. Pode ser um ato de formar opinião. Só diz mentira quem pensa mentira. E quem diz mentira, vive mentira. E quando a gente começa a viver uma mentira, acaba acreditando que ela é verdade. 

Tem mentira sofisticada, embalada em papel celofane, com lacinho e arranjo de flores. São aquelas que ninguém percebe. Vêm nos filmes de Hollywood, nas entrevistas da televisão, nas aulas da faculdade e até nos livros do ensino fundamental. É mentira moderna, articulada, elaborada nos centros mais cultos e influentes do planeta. Quem nunca ouviu a mentira da evolução, das mutações genéticas ou das "provas científicas"? 

Tem mentira religiosa, embalada em papel mais sóbrio, cheio de citações bíblicas por dentro e por fora. Mas qual um cavalo de Troia, quando você chega mais perto, começa a ouvir que um salvo pode deixar de ser salvo, que Jesus Cristo não é Deus, que crente não fica doente nem pode passar dificuldade, que o inferno até existe, mas está vazio que a Bíblia não é confiável  e por aí vai.

Tem a mentira moral, mais assanhadinha. Ela diz que seu corpo é seu e você faz dele o que quiser; que dois homens ou duas mulheres formam uma família. Que sexo só dentro do casamento é impossível. 

Afinal, será que precisamos mesmo de um dia para a mentira? Não seria melhor lançarmos o dia da verdade? Mas este não pega. Não pega porque desde os tempos de Isaías, "a verdade anda tropeçando pelas praças, e a retidão não pode entrar. Sim, a verdade sumiu, e quem se desvia do mal é tratado como presa" (Is 59:14,15). Não é politicamente correto viver, defender e sequer pensar a verdade. Isso é exposição demasiada. Imagine, de quem vamos ser amigos se falarmos em verdade? Que dirá se falarmos em verdade absoluta, num mundo onde tudo é relativo! 

A verdade sumiu. Sumiu da pauta da televisão, dos noticiários, dos editoriais, das conversas entre amigos, dos livros dos professores, das sentenças dos juízes, das gravações dos procuradores da República, do discurso dos presidentes, da ONU, dos partidos políticos. Sumiu. Sumiu como chapéu velho. Sumiu até de alguns púlpitos, revistas, sites, publicações e programas evangélicos. 
E aí eu me lembro das palavras revolucionárias de um rabino judeu, há séculos atrás. Ele teve a coragem e a ousadia de falar a verdade. Mais do que isso: ele se declarou a própria personificação da verdade. Ele disse que a única forma de liberdade possível para qualquer sociedade, em qualquer época era a verdade. "Quando vocês conhecerem a verdade, a verdade os tornará livres". E depois, a um grupo restrito de discípulos, Jesus Cristo assume: EU SOU A VERDADE (João 14:6). 

Que verdade? TODA A VERDADE. Toda a verdade espiritual, moral, cósmica, emocional, existencial. Verdade que quebra grilhões. Verdade que liberta. Verdade que permite que não sejamos mais enganados, nem feitos inocentes úteis nas mãos do pai da mentira. 

Eu repudio o Dia da Mentira. Já chega. Prefiro celebrar a verdade.Prefiro declarar minha esperança inabalável num Reino que vai chegar, capitaneado pelo Cavaleiro que se chama Fiel e Verdadeiro,que julga e peleja com justiça. 

O Dia da Mentira é pura ilusão. O Dia da Verdade vai chegar. 

Para ficar.

segunda-feira, 18 de março de 2013

Um Evangelho sem IBOPE


Creio em um Evangelho que não dá IBOPE. Ele não é exatamente “palatável”. Ele não atrai multidões, não torna as pessoas famosas. Creio em notícias que confrontam a sensibilidade do homem pós-moderno. São verdades absolutas e inquestionáveis e só por isso já fazem as pessoas torcerem o nariz (inclusive alguns “pastores”, “teólogos” e blogueiros).

Digo isso porque, para início de conversa, creio que a Bíblia é a Palavra inspirada de Deus. Não aceito o blá-blá-blá liberal que questiona sua autoridade textual. Então, só creio no Evangelho da Bíblia.

Em razão disso, creio no julgamento final de todos os homens. Salvos que comparecerão diante do Tribunal de Cristo (II Coríntios 5:10) e perdidos que comparecerão diante do Grande Trono Branco (Apocalipse 20:11-15). Os salvos serão condecorados (ou não) de acordo com suas obras, e os perdidos receberão o castigo também de acordo com elas. Não serão salvos ou perdidos por causa das obras, mas por terem crido ou não no Salvador (II Tessalonicenses 2:10-12).

Creio também, pelas mesmas razões, em Céu e Inferno. Creio porque Jesus Cristo falou nisso com todas as letras (Lucas 16:20-31) e ainda alertou para temermos a Deus, que além de tirar a vida pode nos lançar no inferno (Lucas 12:5). Por crer nisso, acho ridículas as tentativas de ressuscitar as heresias estúpidas e antigas como o Universalismo (aqueles que dizem que o inferno até existe, mas está vazio, porque Deus, num último ato de graça, vai salvar a todo mundo) ou no Aniquilacionismo (aqueles que dizem que os perdidos simplesmente deixarão de existir).

Creio na realidade do pecado. Tanto no pecado original, nossa natureza pecaminosa (Romanos 5:12) como nos atos de desobediência diários que os seres humanos cometem contra Deus (I João 1:10). Sendo assim, creio que há, sim, certo e errado, sendo os critérios para isso definidos por Deus em Sua Palavra.

Creio no amor incondicional de Deus. Ele não nos ama, como tentam defender alguns filósofos da “Teologia da Libertação Gospel” (a famigerada “Missão Integral”) apenas porque quer ser amado por nós. Até porque isso tornaria o amor de Deus uma moeda de troca interesseira. Ele ama até mesmo àqueles que o rejeitam (Oséias 11:1-4)

Mas, felizmente, creio em um Evangelho que dá esperança e oferece a certeza da vida eterna. Não por obras de justiça que alguém possa fazer, mas por seu amor e graça (Tito 3:4-7) o Evangelho oferece aos que creem (e somente aos que creem) a libertação da pena, do poder e, no futuro, até mesmo da presença do pecado e todas as suas consequências. Já fui chamado (por gente crente, ou supostamente crente) de fundamentalista, de atrasado, de retrógrado, de medroso entre outros "elogios", por não aceitar questionar o que a Bíblia diz e o que a Igreja sempre aceitou como verdade em 20 séculos de História. Mas a cada dia estou mais convicto de não há outro que tenha as palavras de vida eterna (João 6:68).

Ao olhar a tristeza e o desespero angustiado daqueles (inclusive amigos meus) que enveredaram pelos tortuosos caminhos da teologia liberal, ou mesmo dos que flertam com ela, por acharem que estão descobrindo uma grande novidade, tenho ainda mais certeza de que a Bíblia é a verdade. Única, absoluta, insofismável, eterna Verdade.

Então, podem me chamar do que quiserem.  A mim, não me importa ser famoso ou aplaudido. Basta-me, com sobras, estar salvo para sempre.