Hoje é dia 1º de abril, dia
dos tolos, dia da mentira, dia de pregar peças. Dia da mentira não é coisa
nova. É tão velha quanto seu pai. Tão suja quanto ele. Mentira branca, azul,
amarela. Mentira comercial, para se dar bem, para as coisas não ficarem piores.
É tudo do mesmo saco. Vem todas do mesmo buraco. Mentir para os filhos, para o
marido, para a professora, para o namorado, para os pais. É tudo a mesma
estratégia, que começou a ser usada pela velha serpente. O problema é que, embora a mentira tenha pernas curtas, elas são bem torneadas, não têm varizes nem
celulite. Por isso chamam atenção e muito marmanjo corre atrás dela babando.
Agora, mentira não é só o ato de faltar com a verdade. Pode ser um ato de pensar. Pode ser um ato de formar opinião. Só diz mentira quem pensa mentira. E quem diz mentira, vive mentira. E quando a gente começa a viver uma mentira, acaba acreditando que ela é verdade.
Tem mentira sofisticada, embalada em papel celofane, com lacinho e arranjo de flores. São aquelas que ninguém percebe. Vêm nos filmes de Hollywood, nas entrevistas da televisão, nas aulas da faculdade e até nos livros do ensino fundamental. É mentira moderna, articulada, elaborada nos centros mais cultos e influentes do planeta. Quem nunca ouviu a mentira da evolução, das mutações genéticas ou das "provas científicas"?
Tem mentira religiosa, embalada em papel mais sóbrio, cheio de citações
bíblicas por dentro e por fora. Mas qual um cavalo de Troia, quando você chega
mais perto, começa a ouvir que um salvo pode deixar de ser salvo, que Jesus
Cristo não é Deus, que crente não fica doente nem pode passar dificuldade, que o inferno
até existe, mas está vazio que a Bíblia não é confiável e por aí vai.
Tem a mentira moral, mais assanhadinha. Ela diz que seu corpo é seu e você faz
dele o que quiser; que dois homens ou duas mulheres formam uma família. Que
sexo só dentro do casamento é impossível.
Afinal, será que precisamos mesmo de um dia para a mentira? Não seria melhor
lançarmos o dia da verdade? Mas este não pega. Não pega porque desde os tempos
de Isaías, "a verdade anda
tropeçando pelas praças, e a retidão não pode entrar. Sim, a verdade sumiu, e
quem se desvia do mal é tratado como presa" (Is 59:14,15). Não é
politicamente correto viver, defender e sequer pensar a verdade. Isso é
exposição demasiada. Imagine, de quem vamos ser amigos se falarmos em verdade?
Que dirá se falarmos em verdade absoluta, num mundo onde tudo é relativo!
A verdade sumiu. Sumiu da pauta da televisão, dos noticiários, dos editoriais,
das conversas entre amigos, dos livros dos professores, das sentenças dos
juízes, das gravações dos procuradores da República, do discurso dos
presidentes, da ONU, dos partidos políticos. Sumiu. Sumiu como chapéu velho.
Sumiu até de alguns púlpitos, revistas, sites, publicações e programas
evangélicos.
E aí eu me lembro das palavras revolucionárias de um rabino judeu, há séculos
atrás. Ele teve a coragem e a ousadia de falar a verdade. Mais do que isso: ele
se declarou a própria personificação da verdade. Ele disse que a única forma de
liberdade possível para qualquer sociedade, em qualquer época era a verdade.
"Quando vocês conhecerem a verdade,
a verdade os tornará livres". E depois, a um grupo restrito de
discípulos, Jesus Cristo assume: EU SOU A VERDADE (João 14:6). Que verdade? TODA A VERDADE. Toda a verdade espiritual, moral, cósmica, emocional, existencial. Verdade que quebra grilhões. Verdade que liberta. Verdade que permite que não sejamos mais enganados, nem feitos inocentes úteis nas mãos do pai da mentira.
Eu repudio o Dia da Mentira. Já chega. Prefiro celebrar a verdade.Prefiro declarar minha esperança inabalável num Reino que vai chegar, capitaneado pelo Cavaleiro que se chama Fiel e Verdadeiro,que julga e peleja com justiça.
O Dia da Mentira é pura ilusão. O Dia da Verdade vai chegar.
Para ficar.
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