quarta-feira, 16 de maio de 2012

Histórias para a vida (8): Fica esperto!


Então, o reino dos céus será semelhante a dez virgens que, tomando as suas lâmpadas, saíram a encontrar-se com o noivo. Cinco dentre elas eram néscias, e cinco, prudentes. As néscias, ao tomarem as suas lâmpadas, não levaram azeite consigo; no entanto, as prudentes, além das lâmpadas, levaram azeite nas vasilhas. 
E, tardando o noivo, foram todas tomadas de sono e adormeceram. Mas, à meia-noite, ouviu-se um grito: Eis o noivo! Saí ao seu encontro! Então, se levantaram todas aquelas virgens e prepararam as suas lâmpadas. E as néscias disseram às prudentes: Dai-nos do vosso azeite, porque as nossas lâmpadas estão-se apagando. Mas as prudentes responderam: Não, para que não nos falte a nós e a vós outras! Ide, antes, aos que o vendem e comprai -o. E, saindo elas para comprar, chegou o noivo, e as que estavam apercebidas entraram com ele para as bodas; e fechou-se a porta. Mais tarde, chegaram as virgens néscias, clamando: Senhor, senhor, abre-nos a porta! Mas ele respondeu: Em verdade vos digo que não vos
conheço. 
Vigiai, pois, porque não sabeis o dia nem a hora.

Como tem gente distraída neste mundo! Um amigo meu um dia desses me contou que um dia ele esqueceu a namorada no telefone e foi almoçar! Como é que pode?


Muitas vezes a distração é resultante da insensatez. Desviamos a atenção de coisas importantes porque estamos focando coisas fúteis. É o caso do sujeito que bate o carro porque abaixou para pegar o celular ou mudar a estação do rádio. Há certas coisas na vida com as quais não se pode brincar. Pode ser a diferença entre a vida e a morte. Não se pode levar questões de importância vital como se fossem assuntos corriqueiros da vida. 


A parábola de hoje fala de gente que não prestou atenção ao serviço. E se deu muito mal. Dez virgens vão encontrar o noivo à noite. Precisam de lâmpadas. Para manterem-nas acesas precisam de combustível. Não pense em luz elétrica. Pense nos lampiões a gás ou a querosene. Se acabar o líquido, acabou a luz. Tinha fogo no pavio, mas não tinha mais óleo no reservatório. Dançaram. 

Mocinhas distraídas, essas. A quem estavam tentando enganar? Às outras moças? Ao noivo? Não sei. Mas o fim da história mostrou que elas só enganaram a si mesmas. Ficaram no meio da galera, tinham tudo o que as outras tinham. Vocês têm lâmpadas? Nós também! Vocês têm luz no pavio? Nós também! Vocês entoam canções de amor para o noivo? Nós também! Vocês são virgens? Nós também! Então vamos tocando a vida juntos, porque no fim dá tudo certo. 

Não deu. Por fora era tudo igual, mas por dentro havia uma diferença fundamental. Não tinha conteúdo, não tinha azeite. Elas são chamadas de "insensatas", isto é eram ocas, vazias, sem conteúdo. Nas exterioridades, muitas semelhanças. Mas onde as coisas realmente acontecem, nada. 

De vez em quando, é necessário abrir o jogo com o pessoal que está do nosso lado, fazendo tudo o que a gente faz, andando com a gente, cantando com a gente, indo aos nossos acampamentos, frequentando nossas reuniões, decorando versículos, às vezes até tomando a Ceia e perguntar francamente: isso tudo é pavio ou é azeite? Houve aí o que a Bíblia chama de um lavar regenerador e renovador do Espírito Santo ou foi só mesmo uma clonagem muito da sem-vergonha? Você já nasceu de novo, da água e do Espírito? Tem certeza de que é salvo e de que o Espírito Santo habita em você? Ou estas coisas são para você tão estranhas que você prefere deixar para os teólogos? 

Não me culpe por assustá-lo. Se você é salvo, vai entender perfeitamente a quê e a quem estou me referindo. Quem é salvo, sabe que é, não tem dúvidas nem receios. Esclareça-se que esta parábola não está dando qualquer base aos que querem fazer do Evangelho eterno de Jesus um mesquinho e infindável perde-e-ganha. As 5 virgens não são absolutamente representantes daqueles que "perdem a salvação". Elas simplesmente não tinham azeite (que simboliza o Espírito Santo). E a Bíblia afirma que "se alguém não tem o Espírito de Cristo, este tal não é dele" (Rm 8:9). Esta parábola está avisando àqueles que, sem ter uma experiência real de conversão, acomodam-se à amizade dos cristãos, às conveniências, ao "bem-bom" do Evangelho. Porém, não conhecem a Cristo e nem Cristo os conhece. 

A estes, é preciso perguntar: a quem você quer enganar? Aos irmãos? Aos seus pais? Aos presbíteros e pastores? Ao líder dos adolescentes? À namorada? Ao marido? A Deus? Pois esta parábola nos ensina que aqueles que tentam se esconder no meio da multidão, com o exterior cada dia mais parecido com os verdadeiros cristãos, mas com o interior cada dia mais diferente, vão ter uma desagradável surpresa quanto tudo isso terminar e a noite chegar. Vão ficar de fora. 

Não seja pego pela teia da distração. Nossa relação com Deus é preto ou é branco. Não tem zona cinzenta. Não tem "vamos ver como é que fica". Não tem meio termo. Ou é ou não é.  

Quando vem o Noivo? Não sei nem o dia nem a hora. O que eu sei é que ele vem e não demora. Como será maravilhoso se cada pessoa que ler estas palavras estiver preparada para recebê-lo com alegria e entrar para a tão esperada festa do casamento!


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quinta-feira, 10 de maio de 2012

História para a vida (7) - O paradoxo da vida


Em verdade, em verdade vos digo: Se o grão de trigo, caindo na terra, não morrer, fica ele só; mas se morrer, produz muito fruto.

Esta parábola é diferente. Curta, porém profunda. Não é apenas uma história PARA a vida, senão que é uma história DA vida. Da vida de Jesus, o Filho eterno de Deus, o Deus feito carne, o Criador e Sustentador do universo, aquele que fez todas as coisas pela Palavra do Seu poder. O Autor e essência da vida falando sobre morte e sobre a sua própria morte. 

O Evangelho de Cristo sem dúvida traz novos e grandes paradoxos. Durante seu ministério, Jesus quebrou muitos dos conceitos tradicionais que povoavam o imaginário do povo. No Sermão do Monte, ele deixa claro que as bem-aventuranças não são para os poderosos e atirados, para os que gostam de mostrar seu poderio bélico ao mundo nem para os que gostam da truculência, mas para os humildes de espírito e pacificadores. Ao ser tentado pelo diabo, que lhe oferece fartura e poder, ele responde que  fazer o que Deus quer é muito mais importante que isso tudo, mesmo que implique em abrir mão dessas coisas temporais. 

E agora, encaminhando-se para o clímax de sua missão, ele afirma que a maneira escolhida para que ele seja glorificado é morrer. Ao invés de assumir o trono e o cetro do Império, ele assume uma cruz e uma coroa de espinhos. Ao invés de entrar no palácio como Rei aclamado por todos, entrará como um réu condenado à pena de morte. 

Um grão de trigo. Que poderia ter sido poupado, se quisesse. Ele deixou claro que ninguém poderia tirar sua vida. Ninguém tinha autoridade sobre ela. Sua vida era algo que lhe pertencia. Mas ele estava disposto a entregá-la voluntariamente, o que de fato fez. Este é, sem dúvida, o maior de todos os paradoxos do evangelho ensinado por Jesus: para viver, é preciso morrer. Abrir mão dos direitos da vida. Como uma semente, ele entrega sua vida para que muitos outros nasçam e experimentem da graça da vida. 

Toda a fartura e suficiência que encontramos à mesa do Rei provém do grão de trigo que caiu na terra e morreu. Nós mesmos somos o "fruto do penoso trabalho de sua alma". Nossa vida resulta da morte do Senhor, que não considerou o fato de ser o Eterno como o mais importante de tudo. Fez-se homem e, se consigo compreender corretamente o Evangelho, ele fez-se homem exatamente para que, como homem, pudesse "dar a sua vida em favor de muitos". 

Muita gente pensa que Jesus morreu para dar um exemplo. Negativo. Jesus morreu para dar vida. Exemplo ele deu nos 33 anos de sua caminhada entre o povo. Quando ele morreu, seu exemplo já estava dado. Porém, se tendo "caído na terra", andado entre nós, vivido de maneira tão santa e perfeita, não tivesse morrido, teria ficado só. Ninguém jamais teria conseguido viver sua vida em plenitude. Ninguém poderia dar fruto para a vida eterna. 

Com muito respeito e em tremenda reverência é que afirmo: se Jesus Cristo, o grão de trigo, não tivesse morrido, sua vida perfeita revelada através das páginas dos evangelhos, seus ensinos preciosos, seu amor e graça teriam pouco valor prático para nós. É ao morrer que Jesus abre a possibilidade de que nós partilhemos de sua vida. Através de sua morte é que podemos viver. 

Ele não ficou só. Aquele "por cuja causa e por quem todas as coisas existem" está conduzindo muitos filhos à glória. As cenas impressionantes do louvor e adoração diante do trono do Cordeiro dão conta de "milhões de milhões e milhares de milhares" de homens e mulheres remidos, que vivem porque Ele morreu. Que são salvos porque Ele se entregou. Que adoram porque o grão de trigo não ficou só. E o que eles dizem? "Digno é o Cordeiro QUE FOI MORTO!" Nosso motivo de louvor hoje é a Cruz de Cristo. Parece que no céu não será diferente! 

Que estupendo paradoxo. Ele nos ensina também, segundo a aplicação que o próprio Senhor Jesus fez de sua parábola, que nossa vida só tem valor se for entregue. Vivemos uma época em que está difícil encontrar cristãos que se disponham sequer a viver por Jesus. Que dirá morrer por ele! Queremos a glória, mas não a vergonha. O trono, mas não a cruz. O cetro, mas não a coroa de espinhos. Os aplausos, mas não os açoites. 

Quem ama sua vida, perde-a. Quer dizer, quem não abre mão dos seus direitos e os depõe sobre as mãos do seu Deus, como Jesus fez quando disse: "Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito", jamais verá qualquer fruto. Passará pela vida sem nada deixar e sem nada produzir.
Jim Elliot foi um missionário americano assassinado no Equador com outros colegas que tentavam alcançar para Cristo um grupo de índios. Sua esposa voltou anos mais tarde e viu a graça de Deus alcançando aquele povo (leia sua história no livro "O Piloto das Selvas" - Ed Betânia, ou assista ao filme Terra Selvagem). Ele escreveu uma vez as palavras que se tornaram famosas: "Não é tolo aquele que abre mão do que não pode reter para ganhar aquilo que não pode perder."
Dificilmente alguém conseguiria resumir melhor o que é a vida cristã. 


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quarta-feira, 2 de maio de 2012

Histórias para a vida (6): Ingratidão, a pior das ofensas


Atentai noutra parábola. Havia um homem, dono de casa, que plantou uma vinha. Cercou-a de uma sebe, construiu nela um lagar, edificou-lhe uma torre e arrendou-a a uns lavradores. Depois, se ausentou do país. Ao tempo da colheita, enviou os seus servos aos lavradores, para receber os frutos que lhe tocavam. E os lavradores, agarrando os servos, espancaram a um, mataram a outro e a outro apedrejaram. Enviou ainda outros servos em maior número; e trataram-nos da mesma sorte. E, por último, enviou-lhes o seu próprio filho, dizendo: A meu filho respeitarão. Mas os lavradores, vendo o filho, disseram entre si: Este é o herdeiro; ora, vamos, matemo-lo e apoderemo-nos da sua herança. E, agarrando-o, lançaram-no fora da vinha e o mataram. Quando, pois, vier o senhor da vinha, que fará àqueles lavradores? Responderam-lhe: Fará perecer horrivelmente a estes malvados e arrendará a vinha a outros lavradores que lhe remetam os frutos nos seus devidos tempos.


A pior das fraquezas é a ingratidão. Como é difícil lidar com gente assim. Você faz das tripas coração para agradar uma pessoa e no fim das contas, não ouve sequer um "muito obrigado". Pior ainda é quando a pessoa que foi objeto de sua ação se volta contra você, com acusações que não pode provar, movidas nem se sabe porquê. É muito dolorido quando isso acontece.
 

Se você já sentiu o gosto amargo da ingratidão, pode entender um pouco como Deus se sente quando isto acontece em relação a Si mesmo. Deus está cansado de receber isso de suas criatura e até do seu povo. Quanto Ele faz por aqueles que ama, sem receber sequer o reconhecimento de um coração agradecido!
 

A ingratidão é irmã gêmea da idolatria, porque ela recebe as bênçãos de Deus e além de não reconhecer que vieram de Deus, prefere dar a glória a outrem.
 

Foi o caso explícito do povo de Israel, denunciado por Jesus nesta parábola. Deus criou este povo literalmente do nada. Fez sair uma grande nação a partir de um homem de 100 anos de idade, marido de uma mulher estéril. Eles têm um filho, finalmente. Um só. Deste, nascem dois. E então nasce uma nação. Este povo cresce, se multiplica, vai para o Egito para um tempo de providência divina diante da fome, acaba ficando por lá e se torna escravo. Deus, com mão forte liberta-os das garras da maior potência, carrega-o em suas asas, dá pão, carne, água, direção, proteção, destino e uma aliança única. Tinham tudo para dar certo. A Bíblia passa mais da metade do tempo falando deste povo. O Salvador do mundo, segundo a carne, descende deste povo.
 

No entanto, qual é a tônica de todo o Velho Testamento, mesmo desde a saída de Israel do Egito? Um povo que volta e meia está de namorico com deuses pagãos. Um dia, mal tinham acabado de dar baixa na carteira como escravos de Faraó, resolvem gastar o fundo de garantia criando o seu "deus", um reluzente bezerro de ouro e dizer que foi aquilo que os tirara do Egito (lembre-se de que nem sempre uma ideia "brilhante" dá certo...). Leia Juízes e você vai descobrir um ciclo terrível de ingratidão, rebeldia e abandono de Deus. Leia os profetas e você vai ficar boquiaberto com as terríveis promessas de juízo que Deus faz ao seu povo, todas rigorosamente cumpridas com cativeiro e destruição. Qual o motivo? A ingratidão.
 

Jesus conta esta parábola para deixar claro que a rejeição do povo de Israel ao governo de Deus era tão evidente que nem a ele mesmo, o Filho de Deus, eles respeitaram. Muito ao contrário, trataram-no ainda com maior vileza. Jesus Cristo foi morto como um criminoso comum, fora da porta, exposto à vergonha de uma crucificação. O que tentaram fazer foi deixar bem explícita a sua rejeição, de maneira que a própria lembrança ou menção do nome de Jesus fosse associada ao escárnio e à vileza. Chegaram até a pedir que o sangue de Jesus caísse sobre a cabeça deles e de seus filhos, no que foram inclusive atendidos, porque no ano 70 Jerusalém foi arrasada pelos romanos e se não sobrou pedra sobre pedra, não deve ter sobrado muito sangue que não fosse derramado.
 

A morte de Jesus foi uma demonstração clara de que Israel tinha perdido sua chance. A vinha seria arrendada a outros. Surgiria depois da cruz um novo povo do qual Deus iria esperar a gratidão e o reconhecimento. Inicialmente composto 100% de judeus, 120 homens e mulheres que não compactuaram com aquela atitude, mas que reconheceram a Jesus como o Messias e entregaram suas vidas a ele, mas depois alcançando gente de "toda tribo, língua, povo e nação", a Igreja de Jesus seria o grande receptáculo da graça de um Deus rico em misericórdia e tardio em irar-se.
 

A Bíblia ensina que a cruz do Senhor derrubou a parede de separação, destruiu a inimizade, tornou possível a formação de um povo sem preconceitos de raça, cultura ou nacionalidade. Um povo que não precisa de passaporte, que não vive para defender interesses particulares ou mesquinhos, mas que vive para "remeter os frutos a Deus no devido tempo". Que vive para corresponder ao desejo que Deus sempre teve de ser adorado, reverenciado, venerado, reconhecido e louvado. Foi para isto que Deus criou o ser humano, e agora, em Cristo e através de sua morte, esta possibilidade nunca esteve tão escancarada ao homem.
 

Somos um povo que nasceu para agradecer. Existimos para declarar ao mundo, dia a dia, que existe um Deus que merece toda a devoção, porque dele provém todas as coisas boas que experimentamos. Ele é a fonte de toda boa dádiva de todo dom perfeito.
 

A murmuração e a lamúria não fazem parte do nosso ministério nem do nosso chamado. Foi por causa dessas coisas que a geração de Moisés inteirinha pereceu no deserto. Fala-se muito hoje em dia no surgimento de uma "geração de adoradores". Que esta geração se lembre de que um adorador é, antes de tudo, um ser de coração grato, que sabe discernir de onde vem as coisas boas que acontecem em sua vida.



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