segunda-feira, 18 de março de 2013

Um Evangelho sem IBOPE


Creio em um Evangelho que não dá IBOPE. Ele não é exatamente “palatável”. Ele não atrai multidões, não torna as pessoas famosas. Creio em notícias que confrontam a sensibilidade do homem pós-moderno. São verdades absolutas e inquestionáveis e só por isso já fazem as pessoas torcerem o nariz (inclusive alguns “pastores”, “teólogos” e blogueiros).

Digo isso porque, para início de conversa, creio que a Bíblia é a Palavra inspirada de Deus. Não aceito o blá-blá-blá liberal que questiona sua autoridade textual. Então, só creio no Evangelho da Bíblia.

Em razão disso, creio no julgamento final de todos os homens. Salvos que comparecerão diante do Tribunal de Cristo (II Coríntios 5:10) e perdidos que comparecerão diante do Grande Trono Branco (Apocalipse 20:11-15). Os salvos serão condecorados (ou não) de acordo com suas obras, e os perdidos receberão o castigo também de acordo com elas. Não serão salvos ou perdidos por causa das obras, mas por terem crido ou não no Salvador (II Tessalonicenses 2:10-12).

Creio também, pelas mesmas razões, em Céu e Inferno. Creio porque Jesus Cristo falou nisso com todas as letras (Lucas 16:20-31) e ainda alertou para temermos a Deus, que além de tirar a vida pode nos lançar no inferno (Lucas 12:5). Por crer nisso, acho ridículas as tentativas de ressuscitar as heresias estúpidas e antigas como o Universalismo (aqueles que dizem que o inferno até existe, mas está vazio, porque Deus, num último ato de graça, vai salvar a todo mundo) ou no Aniquilacionismo (aqueles que dizem que os perdidos simplesmente deixarão de existir).

Creio na realidade do pecado. Tanto no pecado original, nossa natureza pecaminosa (Romanos 5:12) como nos atos de desobediência diários que os seres humanos cometem contra Deus (I João 1:10). Sendo assim, creio que há, sim, certo e errado, sendo os critérios para isso definidos por Deus em Sua Palavra.

Creio no amor incondicional de Deus. Ele não nos ama, como tentam defender alguns filósofos da “Teologia da Libertação Gospel” (a famigerada “Missão Integral”) apenas porque quer ser amado por nós. Até porque isso tornaria o amor de Deus uma moeda de troca interesseira. Ele ama até mesmo àqueles que o rejeitam (Oséias 11:1-4)

Mas, felizmente, creio em um Evangelho que dá esperança e oferece a certeza da vida eterna. Não por obras de justiça que alguém possa fazer, mas por seu amor e graça (Tito 3:4-7) o Evangelho oferece aos que creem (e somente aos que creem) a libertação da pena, do poder e, no futuro, até mesmo da presença do pecado e todas as suas consequências. Já fui chamado (por gente crente, ou supostamente crente) de fundamentalista, de atrasado, de retrógrado, de medroso entre outros "elogios", por não aceitar questionar o que a Bíblia diz e o que a Igreja sempre aceitou como verdade em 20 séculos de História. Mas a cada dia estou mais convicto de não há outro que tenha as palavras de vida eterna (João 6:68).

Ao olhar a tristeza e o desespero angustiado daqueles (inclusive amigos meus) que enveredaram pelos tortuosos caminhos da teologia liberal, ou mesmo dos que flertam com ela, por acharem que estão descobrindo uma grande novidade, tenho ainda mais certeza de que a Bíblia é a verdade. Única, absoluta, insofismável, eterna Verdade.

Então, podem me chamar do que quiserem.  A mim, não me importa ser famoso ou aplaudido. Basta-me, com sobras, estar salvo para sempre.

sexta-feira, 15 de março de 2013

Paráfrase ou Paródia

(Reproduzo neste espaço o excelente texto da amiga Paula Tavares)


A primeira coisa que eu quero que você entenda é que não, não estou nervosa. Isso não é um manifesto, não gosto de manifestos. Eu não venho por meio desta a fim de levar você a lugar algum, embora eu saiba que você, muitas vezes, se sente assim.

Você se sente assim quando não entende uma doutrina, mas não sabe a quem perguntar, ou não tem com quem debater. Você sente que está indo a lugar algum quando você, sedento pela palavra, encontra por repetidas vezes um devocional exposto em púlpito que faz você “preencher o buraco do seu dente” espiritual. Você se sente assim quando passa por situações que “SÓ DEUS SABE”; e só Ele sabe mesmo e, em sua misericórdia, se interessa por ouvir suas “queixas e lamentações”, pois  você passa a pensar que não pode contar com mais ninguém, e raramente pode mesmo.

Mas por que seu  Pequeno Grupo não basta? Por que seu pastor ou líder não bastam? Por que seu melhor amigo não basta? Por que a graça de Deus não basta? Por que a Palavra Santa não lhe basta? Creio que se a última pergunta for respondida, todas as demais serão ferozmente trucidadas.

Nesses últimos dias eu tenho acompanhado uma polêmica chamada “Bíblia Freestyle [2]”. Por respeito a você, caro leitor, não vou começar pelo final, que culmina na mais profunda decepção com o intelecto humano. Ao invés disso, prefiro enumerar uma série de motivos pelos quais a Palavra de Deus vem sofrendo trágicos e cômicos (bem que tentaram!) ataques, sem precedentes e, cá entre nós, de tirar o fôlego!

Primeiro motivo: falta ser crítico. Ainda que você seja um ateu, ainda que nada que há na Palavra de Deus componha seu pensamento ou ética, é possível se posicionar diante da Bíblia cristã com um olhar crítico voltado para os aspectos literários que a compõe. Apenas UM exemplo de como se fazer isso: analise as metáforas implícitas nas parábolas que Jesus contou (ou explícitas, quando são explicadas).  Escolho como exemplo, o versículo de Mateus 6:21, no qual lemos: “Onde estiver o seu tesouro, aí também estará o seu coração”. Propositalmente seleciono este versículo que considero, enquanto critico literariamente, uma das mais belas metáforas de toda a literatura. Explicações sobre o versículo em si eu não tenho no momento, mas quero que você perceba que “tesouro” aqui não é tesouro, desses que o Jack Sparrow[3] caça (fica a dica pra bíblia freestyle, põe o Jack Sparrow no lugar do Apóstolo Paulo!), mas temos uma metáfora que ilustra, de imediato, aquilo que mais tem valor para você; e “coração”, que não é “coração”, esse que anatomicamente deveria neste momento estar mandando sangue para seu corpo todo (e às vezes acho que há falta no cérebro),  mas é uma representação abrangente do que seria seu ser, seu intelecto, sua alma. 

Com essa atitude você iria compreender a complexidade das verdades bíblicas, e não iria desvalorizar, literariamente, a importância desse livro. Ainda que você odeie literatura, não tem problema. Ler você sabe, e essa é a única coisa que eu sei sobre você! 

E acaso há outras formas de entender porque a aberração “freestyle” passou a existir?

Falta pudor! Exato, vergonha na cara mesmo. Minha mãe diz que hoje em dia não se tem mais vergonha nas nádegas, quanto mais na cara. Não queria chegar a tanto, talvez pareça mesmo que eu fui longe demais; porém, quando seu corpo não é mais algo privado e totalmente pessoal, suponho que seu intelecto, sua mente, também esteja fora de seu controle. Então você engole: engole opiniões, engole novas ideias, das quais você mesmo discorda, porque se opor dá mais trabalho. Engole a política no Brasil, engole Big Brother edição dois mil cento e oitenta e engole a bíblia freestyle. E quando “freestyle” for muito “mainstream[4], você engole a próxima, e a próxima, e mais vinte, já que o oposto de engolir pra você possa parecer que é “vomitar”. E numa atitude de vergonha e nojo, eu não engulo essa falta de pudor instaurada nos corpos e nas mentes do cristão contemporâneo. E digo mais: se você não tem vergonha de ser um pecador corrupto e depravado, a gente não tá na mesma vibe[5].

E por fim, falta temor ao Senhor de todas as coisas. O que acontece, na minha opinião, é que assim como desde Platão estão discutindo o que é “justiça”, o que é “beleza”, ainda hoje tem gente discutindo o que é “temor”. Muitos nem se perguntam o que é isso. Aqueles mais ousados, metidos a filósofos, param e refletem sobre o que significa temer ao Deus de Abraão, de Isaque, de Jacó, o Deus que enviou o Messias pra nos tirar da mais profunda miséria, e acredito mesmo que aqueles que se perguntam “o que é temor?” passam a exercitar o conceito em suas vidas. Temor é um exercício. Não é todo dia que você acorda “temente” a Deus, porque o nosso pecado nos torna extremamente bravos e corajosos quando temos que confrontar as ordens do Pai. Acho que ser crítico e ter vergonha na cara são passos importantes pra que a Palavra lhe seja suficiente, mas nada, repito quantas vezes você quiser, NADA se compara a uma leitura da Palavra com temor, sabendo que quem observa e julga nossos atos, o Deus a quem tanto tentam alcançar, inclusive em “estilo livre”, está mais perto do que podemos imaginar, e mais interessado em nossos atos do que gostaríamos, talvez e sendo sinceros, que Ele estivesse.

É minha confissão: eu creio que cada letra desenhada teve um propósito, principalmente num mundo antigo escasso em papel  (ou papiro, como queira), e num mundo em que a perseguição da igreja tirava vidas e rasgava relatos.

Se você resolver levar a Palavra de Deus a sério, como deve ser levada, tudo o mais que você obtiver lhe bastará, porque essa mesma palavra o guiará rumo à satisfação espiritual.

Não, não estou nervosa, e eis a minha conclusão: a Bíblia “freestyle” existe porque a Bíblia “Old School[6] não basta; a bíblia em estilo livre existe porque o olhar sobre a bíblia original está estragado e desprovido de informação sensata, fidedigna e justa, desprovido de intelecto coerente, controlado pelas informações sensatas que mencionei, e desprovido de temor àquele que pondera seus atos e os julga com uma sabedoria que não se pode explicar, nem se eu tentasse parafrasear.

Paula Tavares é cristã, membro da Igreja Evangélica no Bosque, em São Paulo, desde 2002.
É bacharel em Letras pela USP e Mestre em Literatura Portuguesa, também pela USP.



[1] Título sugerido
[2] Bíblia em estilo livre
[3] Personagem pirata, fictício
[4] Isto é, comum
[5] Isto é, vibração
[6] Referência ao que é tradicional

sábado, 2 de março de 2013

Luiz Soares, 10 anos.


Dia 3 de março. Faz 10 anos que meu pai, Luiz Soares, nos deixou. Como o tempo passou depressa! A saudade é uma coisa que não acaba, só faz aumentar. É impossível nos acostumarmos. 
Sentimos muito mais falta dele hoje do que antes.

Viajando por este querido Brasil, ainda hoje encontro pessoas que se emocionam ao saber que sou seu filho. Eles contam a influência e o impacto que a vida dele causou por ele passava. Ouço testemunhos de conversas encorajadoras, de “broncas” que deram resultado, de mensagens inspiradoras que ouviram. . De ligações telefônicas que ele fez a muita gente que passava por momentos de dor ou confusão.  Perdi a conta de quantas pessoas me contaram que se converteram ao ouvi-lo pregar. Sim, claro: Deus é quem faz a obra e recebe a glória. Ele foi apenas um instrumento. Mas que instrumento afiado!

O engraçado é que muitos esperavam que eu fosse como ele. Mas como? O homem compunha, escrevia, falava seis ou sete idiomas, corrigia teses de mestrado (embora ele mesmo não tivesse ido além do grupo primário), cantava, pregava ensinando ou evangelizando, era um pastor, conselheiro e líder.  É demais para mim; já me contentaria em seguir seu exemplo e sua referência de caráter, de homem coerente com suas ideias e princípios. Como eu disse outra ocasião, você podia até discordar do que ele pensava, mas sabia exatamente o que ele pensava. Ele não tinha um discurso adaptável a cada congregação ou público. Eu presenciei ocasiões em que o tentaram manipular com um talão de cheques. Sua resposta foi tão desconcertante que deu até dó...

Sei que ele não foi um homem perfeito, como nós todos não somos. O bom é que não é preciso ser perfeito para ser um modelo digno de ser imitado. Aqueles que o conheceram bem (não apenas de cima de um púlpito, mas no dia-a-dia) sabem do que estou falando.

Sei que no paraíso não há choro; não sei se há risadas. Se houver, quase posso ouvir as gargalhadas do meu pai – sua marca registrada – conversando com tantos de seus amigos e amigas que já partiram para a eternidade. Imagine a festa que fazem por lá! Será que vão pedir para eles rirem mais baixo??

Acima de tudo, posso imaginar com que paixão e encanto ele conversa com o Salvador e Senhor a quem ele amou e serviu tão intensamente. Nada neste mundo fazia o coração do meu pai bater tão forte quanto conhecer melhor a Cristo, a quem escreveu versos e canções, livros e mensagens e a quem dedicou toda sua vida.

Tive o privilégio de ter um grande pai. Louvo a Deus por sua vida.  Como um daqueles que completaram vitoriosos a carreira da fé, Luiz Soaresdepois de morto, ainda fala”.

A Deus toda a glória!