segunda-feira, 30 de setembro de 2013

Visita ao xópin

Não se incomode com a grafia aportuguesada. Estou me referindo aos Shoppings, mas o que importa aqui é o conceito. 

Perambular por xópins e aeroportos é um exercício interessante.  Em ambos a gente pode observar pessoas chiques, ver coisas lindas e caras sem ter que gastar um centavo. A menos que você vá de carro, porque aí terá o custo de estacionamento.

O xópin é o paraíso do anonimato: ninguém sabe nada sobre a vida de ninguém e por isso mesmo todos se tornam iguais. Posso parar demoradamente em frente a vitrines caras, estilo Brooksfields ou Polo Play e comentar com a minha esposa: “Olha que preço ótimo daquele terno, só R$ 1.999,00!, mesmo que eu não tenha a mínima intenção ou condição de pagar nem 10% desse valor. Nada mais barato para lustrar o ego do que observar atentamente as caríssimas jóias da H.Stern, uma vez que ninguém sabe se sou cliente potencial ou não. Para todos os efeitos, eu o sou.
 

Observando atentamente, você acaba descobrindo que há mais gente ali fazendo a mesma coisa. Poucos entre aqueles que transitam pelos corredores iluminados, cheios de ofertas a preços exorbitantes, entram nas lojas e compram alguma besteirinha. Quando acontecesse, saem balançando bem alto as sacolinhas de grife, esbarram em você  
sem querer" para que você note como podem, como gastam! 

Imagino se muita gente que frequenta igrejas durante o final de semana não pensa que está indo, mesmo, ao xópin. Chega, deixa as crianças com as "monitoras do parquinho" (a classe de Escola Dominical), enquanto aproveita para dar uma passeada, exibir o novo figurino, participar do programa, ouvir um pouco de música, para depois de algum tempo (o mínimo que for possível) pegar as crianças e voltar para casa. Se por acaso sobraram uns trocados no bolso, podem colocá-los na sacola de ofertas, como quem dá aquele “agrado” para guardadores de carro. 

Tal como no xópin, você pode entrar e sair sem levar nada. Pode ser só um passeio mesmo, um passatempo: momento de distrair-se um pouco, ver pessoas, olhar vitrines, mas chegar à porta de saída do mesmíssimo jeito que entrou. Você pode escolher o que mais lhe interessa e até decidir que nada daquilo é para o seu bico. Pode escolher o horário mais conveniente. Tudo muito interiorizado. Ninguém precisa saber quais são as suas reais intenções. Não existe lei que proíba olhar e não levar. Ou ouvir e não escutar. Ou ser ensinado e não aprender.
 

Isso só é possível no contexto da igreja atual porque  inventaram o “foro íntimo”. Ele é conhecido popularmente como o “ninguém-tem-nada-a-ver-com-a-minha-vida”.  É a ideia do "cada um por si e que Deus tenha misericórdia de nós".


Não admira porque os tais frequentadores podem estar ali por décadas, sem passar por nenhum tipo de transformação: é que ao invés de saírem de casa com o coração de adoradores, saem com a mentalidade de consumidores.

quarta-feira, 25 de setembro de 2013

Cânticos da Caverna parte 4 (Salmo 57): A Turma de Adulão

A introdução do salmo informa que Davi o escreveu "quando fugia de Saul, na caverna."  É provável que tenha sido a caverna de Adulão (I Samuel 22:1-5), onde Davi iniciou sua carreira de “discipulador de bandoleiros”. A ele se juntaram todo tipo de gente com problemas que você possa imaginar! Não bastasse sua vida de fugas e sobressaltos, agora ele se tornou o chefe de 400 homens com nome sujo no SPC, Polícia Federal, sogros bravos, credores furiosos.

Quando se sentam para uma refeição improvisada, o equivalente ao brasileiríssimo cafezinho, lá no fundo da caverna úmida e escura, os novos e únicos amigos de Davi esperam que ele lhes diga alguma coisa. Eles se reúnem em volta do futuro rei de Israel, ajeitam-se amontoados e fazem um silêncio reverente. Davi pega sua harpa e começa a tangê-la. E o seu canto é surpreendente para o momento que todos vivem:

“Firme está o meu coração ó Deus, o meu coração está firme; cantarei e entoarei louvores. Desperta ó minha alma! Despertai lira e harpa! Quero acordar a alva. Render-te-ei graças entre os povos; cantar-te-ei louvores entre as nações”.
Como é que alguém poderia cantar isso numa situação daquelas? E qual o impacto que isso deve ter causado na vida e no moral daqueles homens que se refugiaram na caverna de Adulão, fugindo de seus problemas e crises pessoais?

Davi pede para ficar “debaixo das asas” de Deus (v.1). Que imagem linda de proteção e cuidado! Uma ave aninhando seus filhotes em meio a uma tempestade passa sempre a ideia de paz em meio ao caos. É assim que Davi se sente: “só até a calamidade passar”.

Mais uma vez, ele reconhece que sua situação não é das melhores (v.2-4). Ele depende do livramento do Senhor, caso contrário sua vida estará em risco. Seus inimigos não lhe darão trégua. Ele os descreve como homens ferinos e maus, que não teriam dúvida em apelar para a violência para eliminá-lo do cenário.

Em meio a seus problemas e angústias, Deus continua sendo seu tema principal. Um Deus exaltado, soberano, Senhor da história e da sua história particular. O louvor não produz nada, ele é sempre o resultado, o fruto dos lábios que confessam o nome do Senhor. Davi não está louvando para esquecer seus problemas ou para acalmar seu coração. Ele exalta a Deus por saber que Ele continua sendo Deus apesar de sua situação não ser favorável.

Sua experiência pessoal com Deus lhe permite confiar em seus atributos maravilhosos: misericórdia (v.1, 3), fidelidade (v.3), soberania (v.5). Deus se revela, se envolve, se apresenta. Embora haja dias em que Ele parece estar escondido em algum lugar da imensidão do Universo, podemos firmar nosso coração da certeza de que ele nunca esquecerá seu amor e cuidado pelos seus.


Portanto, quando a gente precisa entrar na caverna, mesmo que fugindo de pessoas más que não querem o nosso bem, temos a garantia de que ali a misericórdia e a fidelidade de Deus estão conosco. O segredo é manter firme o coração em Deus. Isto é praticamente a única coisa que podemos controlar enquanto o mundo se vira contra nós. Davi não podia controlar o coração e os impulsos de Saul, mas podia controlar os seus. E decidiu não abrir mão desta decisão. 

segunda-feira, 16 de setembro de 2013

Cânticos da Caverna parte 3 (Salmo 56): Teologia do Choro

Na mesma época, quem no mesmo dia até, que escreveu o salmo que consideramos na postagem anterior, está o salmo 56. Portanto, não é necessário repetir o contexto histórico.

As circunstâncias são absolutamente desfavoráveis. Davi não nega isso (v.1-7). Ele não faz uma “confissão positiva”, rejeitando o sofrimento e o aperto que está passando. Ao contrário, ele os relata com todas as letras diante do Senhor. Ele está consciente de que sua vida corre risco. Ele sabe que não pode baixar a guarda, que tem gente no seu encalço. Que as pessoas estão colocando seu pescoço a prêmio.

A vida não está fácil para Davi. A vida não é fácil para ninguém. E então ele chora (v.8). Derrama lágrimas que as mães de crianças pequenas chamam de “choro sentido”. Ao longo da vida você vai descobrindo que o choro, assim como a morte, nos nivela, nos iguala, nos coloca debaixo da mesma situação. O choro é democrático. Choramos quando percebemos que não temos resposta, que não temos saída. Choramos quando temos medo, ou quando estamos com raiva, ou tristes ou quando alguma coisa não saiu conforme o esperado. Choramos quando nos sentimos impotentes diante de uma situação. Quando percebemos que as circunstâncias estão fora do nosso controle, que não temos força para reverter o quadro. É quase um ato de entrega. É o reconhecimento da nossa limitação, na nossa pequenez, da nossa vocação para poeira. A gente veio do pó. Choramos porque somos humanos, porque somos normais.  

A grande descoberta de Davi é que Deus estava presente o tempo todo, recolhendo cada lágrima em seu odre (v.8b c/ II Reis 20:5) e no seu livro (v.8c). A linguagem é poética, mas não poderia descrever de forma melhor o cuidado amoroso do Pai. Quem mais faria isso por nós? Em contraste com aqueles que o seguiam para “espionar seus passos” (v.6), ele sabe que Deus “contava seus passos”.

A esperança de Davi é clara como cristal. Ela é posta “em Deus” (v.4, 10, 11). Na versão Septuaginta, esta expressão é “en Teos”, de onde temos nossa palavra “entusiasmado”. Deus é a nossa grande motivação. Quando esperamos nele, fixamos nossos olhos no “todavia” e não no “ainda que” (Hc 3:17-18). Sua palavra é fiel e digna de louvor (v. 10). Ele não é um Deus confuso e inconstante, que cada dia fala uma coisa diferente. Ele é totalmente confiável. Como ele encontramos a “luz da vida” (v.13). Podemos caminhar com confiança, andando em Sua presença.

Estas palavras não foram o produto de um afastamento da vida real. Não foram escritas em um mosteiro, mas em uma profunda caverna, física e existencial. Se consideramos este salmo uma pérola, porque foi regado com as lágrimas de seu compositor, podemos também considera-lo com inscrição em rocha, porque foi talhado na confiança inabalável da inegável experiência pessoal de quem disse estas palavras. 


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segunda-feira, 9 de setembro de 2013

Cânticos da Caverna parte 2 (Salmo 34): Expulso de Novo

Ficou claro para quem convivia com Saul que ele falava sério a respeito de eliminar Davi.

Jônatas, o filho de Saul, era o melhor amigo do futuro rei. Foi ele quem lhe avisou de que Saul estava mesmo decidido a tirar-lhe a vida. Ao saber disso, Davi fugiu para Nobe, uma cidade de sacerdotes ao norte de Jerusalém. Foi ali que ele comeu os pães sagrados, episódio evocado por Jesus diante dos fariseus. Então, ele atravessa a fronteira e tenta asilo em Gate, com o rei Aquis (Abimeleque era um título de sua dinastia, como “Faraó”) Com medo de que Davi estivesse ali como espião, os funcionários do rei desconfiam dele e o denunciam. Davi fica com medo, se finge de maluco para ser poupado e é expulso de lá. Agora, é o procurado  número 1 em sua terra e não é bem quisto no país vizinho. Leia o episódio completo em I Samuel 21:1-5; 22:1-2).

Nesta ocasião, ele escreve o salmo 34, bem conhecido de quem lê a Bíblia regularmente. Alguns de seus versículos estão entre os mais citados da Bíblia, como “o anjo do Senhor acampa ao redor dos que o temem o os livra”; “engrandecei ao Senhor comigo e todos à uma lhe exaltemos o nome” ou ainda “perto está o Senhor de todos os que o invocam”. Raramente, no entanto, paramos para considerar o que o autor estava passando quando escreveu essas coisas. Quando sabemos, as palavras destes salmos ganham outro significado.

Sua primeira frase define uma decisão que ele tomou na vida: o louvor a Deus permanecerá sempre em seus lábios. Ao invés de reclamar e se lamentar, Davi prefere usar suas forças e habilidade artística para engrandecer o nome do Senhor. Quando as coisas não saem conforme o que esperamos ou gostaríamos, somos confrontados com as mesmas opções. Então diga com sinceridade: quando você está sendo atacado, perseguido, desprezado e odiado, a primeira coisa de que você se lembra é do seu hinário? Dá uma vontade de cantar louvores quando alguém quer acabar com você? Esta era a opção de Davi.

O texto de I Samuel 21:12 afirma que Davi “ficou com muito medo de Aquis”, quando este demonstrou que não queria sua presença por ali. Agora, diante do Senhor, de coração rasgado, o salmista diz “livrou-me de todos os meus temores” (v.4). Nosso problema não é sentir medo, mas o que fazer quando sentimos medo. A gente pode ficar paralisado e desistir da vida ou pode assumir que estamos com medo e confessar isso ao Senhor. Três verbos nos versículos 4 a 6 indicam a atitude certa quando o medo nos assola: buscar, contemplar e clamar ao Senhor. As três palavras indicam uma atitude de entrega. A busca de uma criança pelo colo da mãe ou do pai indica confiança total e anseio por segurança. A contemplação é o que melhor descreve a ideia de adoração. O clamor, no jargão jurídico, é a apelação em última instância. Assim, podemos enfrentar todos os nossos temores. 

Fazendo isso, Davi conseguiu ver que “o anjo do Senhor acampa ao redor dos que o temem e os livra” (v.7-8). Qualquer que seja a interpretação dada a este versículo, fica claro que Davi cria na presença protetora do Senhor em sua vida. Ele já tinha experimentado dormir com o inimigo acampado ao seu redor. Mas seus olhos espirituais lhe permitiam enxergar mais longe. Assim como Geazi só conseguiu ver os exércitos da Síria, enquanto Eliseu via os exércitos celestiais a guarda-los, Davi era capaz de confiar na proteção constante de Deus. Ele estava cantando: “Pode confiar em Deus, vale a pena se refugiar nele”.

Então ele se dirige aos “filhos” (provavelmente uma referência aos homens que estavam com ele) para lhes ensinar uma lição de vida naquele momento de adversidade (v.9-12): ele não permitiria que as circunstâncias determinassem seu destino e muito menos o seu caráter. Ele estava sofrendo duramente nas mãos de pessoas ímpias, que o privaram das coisas mais essenciais da vida, como um teto e um banho decente. Mas ele não revidaria com a mesma moeda. Continuaria crendo e ensinando que o temor do Senhor, manifesto em ações claras de retidão (como refrear a língua e se apartar do mal) são as características de quem realmente “ama a vida”.

Para fechar este salmo acróstico com chave de ouro, descobrimos que a presença do Senhor se manifesta na vida de Davi nesses momentos de perseguição e angústia de forma quase tangível (v.15-18). As palavras que ele usa para relatar que o Senhor estava perto dele são de um momento cara-a-cara: “os olhos do Senhor”; “o rosto do Senhor”; “os ouvidos do Senhor”. Deus não é um Ser distante, indiferente, burocrático. Muito ao contrário, para Davi, Deus está ali, rosto colado com ele. Pode ouvir o sussurro do seu coração angustiado. Está vendo tudo o que se passa. Deus está presente também nos momentos difíceis pelos quais o salmista passa. 

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segunda-feira, 2 de setembro de 2013

Cânticos da Caverna parte 1 (Salmo 59): Encurralado















A vida de Davi pós-Golias foi cheia de aventuras desagradáveis. Nada era fácil para Davi que, de verdade, nunca tinha pedido aquela vida. Ele estava tranquilo no campo, cuidando das ovelhas de seu pai, tocando harpa e compondo suas canções.

De repente, ele é ungido por Samuel; daqui a pouco vira herói de guerra, é convidado para trabalhar no palácio e da noite para o dia vira o comandante do exército do seu país. O que tinha tudo para ser um roteiro perfeito para o estrelato, a fama e o sossego, acabou jogando o ex-pastorzinho no olho de um furacão terrível, chamado Saul. Sua vida nunca mais seria a mesma. É verdade, ele seria o melhor rei da história de Israel. Mas antes disso, mais de uma década de espera, regada a muito sofrimento.

Sua atitude diante das adversidades, registrada nos salmos que ele continuou compondo nessa época, é digna de nota. Aprendemos lições preciosas sobre como reagir às coisas desagradáveis que a vida nos reserva, lendo os hinos que ele escreveu durante o período.

Comecemos pelo Salmo 59, que escreveu quando Saul cercou a casa onde estava para o matar (I Samuel 19:11-17).

Por ter se tornando o comandante do exército de Saul, Davi era responsável pelas incursões militares contra os filisteus (I Sm 18:5-6). Seu sucesso foi tão grande que ele caiu nas graças do povo. Já rejeitado por Deus e consciente de que o reino não seria da sua família, Saul começa a se preocupar com uma única coisa em sua vida: matar Davi. Seus planos começam com o envio de soldados para cercar a casa onde seu genro morava com Mical. Ela o ajuda a fugir e o ajudou a ganhar tempo, inventando uma história de que ele estava doente. Nesse dia ele escreveu o salmo em questão. Leia-o na íntegra para que os comentários façam mais sentido.

Davi, embora ainda jovem, já era um guerreiro valente. Mas não é nisso que ele confia quando acorda com a notícia de que a casa estava cercada. A primeira estrofe do seu cântico é uma declaração de fé no livramento de Deus (v.1-3). Diante das adversidades, muitas vezes a gente quer lutar sozinho, confiar em nossas habilidades, treinamento e conhecimento. Não é bom negócio. Deus sempre será a melhor opção de companhia.

Ele estava sendo acusado, injustamente, de ser um traidor de Saul. É incrível como a língua pode destruir a reputação até mesmo de um extra-série como Davi (v.4-7). A calúnia e a maledicência são a arma dos invejosos. Não podendo chegar no nível do seu sucessor, Saul utiliza de todos os recursos para desqualificar seu adversário. Se você já passou pela desagradável experiência de ser caluniado, você sabe bem o que Davi estava sentindo.

Não apenas isso. Sua vida estava em perigo. A guarda de Saul não estava fazendo sua proteção pessoal: estava pronta para mata-lo. Sentindo-se acuado (v.6, 14-15), ele descreve o cerco à sua casa como alguém rodeado por uma matilha faminta. A violência, a ameaça e a intimidação são o recurso daqueles que não têm argumentos.

Diante de tudo isso, embora indignado com a injustiça da situação, ele entrega a vingança de seus inimigos ao Senhor (v.10-13). Não vai tirar satisfações. Não vai à forra. Seu rei estava sendo desleal, o grupo que o apoiava também, mas ele não se vingaria.

Para surpresa geral (de quem não o conhece bem), Davi afirma não apenas seu desejo de cantar, mas ao afirmar “pela manhã louvarei com alegria” ele expressa a certeza de que estaria vivo no dia seguinte, não obstante a casa onde dormia estar cercada de homens enviados para matá-lo. Isso é o que se pode chamar de confiança!

Atitude notável em circunstâncias tão complicadas. Esta postura será, inclusive, marcante em todos os salmos que analisaremos. Ele ainda não está em uma caverna física neste capítulo, mas aqui inicia uma fuga que levará anos. Será separado da esposa (que será dada a outro homem por Saul), nunca mais vai voltar para casa e vai viver como um foragido por muito tempo. Motivos mais do que justificáveis para alguém passar um bom tempo se lamentando.


Não para Davi. Quando o fogo da adversidade começa a queimar, ele escolhe cantar e renovar sua fé em Deus.