quarta-feira, 13 de novembro de 2013

Ensinar a Bíblia inteira? De que jeito?

Já sentiu uma certa sensação de medo do Velho Testamento? Alguma vez você já evitou livros como Levítico, Deuteronômio ou os Profetas? Console-se: você não está sozinho. Há um bom número de pessoas razoavelmente acostumadas com a Bíblia que faz a mesma coisa. E talvez a culpa não seja delas. Pelo menos não somente delas.

Depois de alguns anos lidando com ensino bíblico em igrejas de portes e estilos diferentes, consegui perceber algumas tendências que podem explicar porque a atual geração de cristãos tem pouca noção panorâmica da Bíblia.

Descobri que a responsabilidade para esta “fuga” do Antigo Testamento não pode ser creditada somente dos alunos. Acontece que nos últimos 20 anos, as igrejas foram pouco a pouco abandonando o ensino expositivo (estudo livro por livro, da Bíblia toda), substituindo-o pelo ensino tópico (abordagem de assuntos).

Na prática, o que aconteceu foi o surgimento de uma geração com poucas raízes nas Escrituras. As pessoas passaram a conhecer a Bíblia aos pedaços. Uma geração inteira perdeu o “jeito” de ler o texto bíblico à luz do seu contexto e cronologia, habilidade fundamental para sua correta compreensão e aplicação.
Ouço com frequência alguns argumentos na tentativa de justificar esta prática. São lógicos, mas, para ser generoso, são limitados. Alguns deles:

 “O ensino tópico é mais relevante e contextualizado”.
Será?  Quando estudamos a Bíblia sequencialmente, seguramente vamos passar por todos os tópicos importantes da vida. Por exemplo, no livro de Gênesis, abordamos assuntos que estão na pauta do dia: casamento, família, homossexualismo, corrupção, liderança, filhos etc. Está tudo lá. Quando se estuda Êxodo, encontramos as leis que formam a base sobre a qual os profetas e, mais tarde, os apóstolos vão desenvolver seus ministérios. Não condenamos o ensino por assunto, mas alertamos que quando só ensinamos por tópicos, as pessoas perdem a noção geral das Escrituras, o que ao longo do tempo se torna trágico.

“Ensinar a Bíblia livro por livro torna-se muito cansativo e monótono”.
Será? Minha experiência tem mostrado uma adesão maciça a programas de Estudos do tipo livro por livro. O que desanima muitas vezes é a presença de um professor ou pregador mal preparado ou um currículo longo demais (há igrejas que levam 4 anos para estudar o Tabernáculo!). Mas um currículo prático e bem ministrado é empolgante.

 “Hoje em dia as pessoas não se interessam por uma informação se não conseguem ver utilidade nela.”
Verdade!  Alguém ainda acrescentaria: “O que muda a minha vida saber que Jó viveu no tempo dos Patriarcas? Qual a diferença de saber que os profetas não viveram na ordem em que os livros aparecem?” A resposta é simples: se for repassada somente como informação, realmente não vai mudar sua vida. Mas para sua melhor compreensão dos textos que eles escreveram, fará muita diferença. E isso certamente vai afetar sua vida. O “x” da questão, portanto, está em capacitar nossos professores e pregadores para mostrar como a Bíblia mantém sua unidade e como sua mensagem é totalmente conectada com a nossa realidade. É só estudar a história dos reis e profetas de Israel, por exemplo, para se ter uma clara ideia disso.

“Os novos convertidos não conseguem entender o Velho Testamento.”
Verdade! É justamente por isso que precisam ser ensinados. Se eles não compreenderem bem o que veio primeiro, como vão entender ou valorizar o que veio depois dos Evangelhos? Hoje, mais do que entre as décadas de 70 a 90, cada vez mais recebemos pessoas que se convertem depois de adultos. A maioria delas nunca teve contato com a Bíblia. Não conhecem suas histórias e por isso não conseguem entender. Elas precisam ter a oportunidade, pelo menos uma vez na vida, de estudarem tudo na sequência, para poderem ter uma compreensão melhor das Escrituras como um todo.

“Os professores precisam de um melhor preparo para ensinar a Bíblia toda.”
Verdade! Por isso mesmo, este desafio fará com que haja uma seleção natural (na qual os que não estiverem dispostos a se dedicarem ao estudo sério da Bíblia serão automaticamente desligados) e um aumento no nível do time de ensino de sua igreja. Será uma ótima oportunidade para eles crescerem. Infelizmente, muitos que “ensinam” nas igrejas hoje em dia tem um conhecimento muito limitado das Escrituras, o que não deixa de ser um contrassenso. Sem contar que muitas vezes não foram treinados em métodos de ensino e comunicação (o ministério Alvo oferece treinamentos para professores nesta área).

Adotar um currículo livro por livro “engessa” a igreja”.
Não necessariamente! Um currículo é um caminho, um direcionamento. Não é preciso adotar um programa que tenha apenas o ensino expositivo ou livro por livro. Deve continuar havendo ensino de tópicos, palavras devocionais para a igreja etc. O que não se pode mais é abrir mão de ensinar a Bíblia sistematicamente em algum momento da semana da igreja, seja em público ou em particular.

 “Quase não existe material de apoio para estudar a Bíblia livro por livro”
Isso era verdade. Desenvolvemos um Programa de Estudos Bíblicos para apoiar as igrejas que aceitem este desafio de resgatar o ensino expositivo. É um currículo de 4 anos, dividido em fascículos de 12 lições em 48 páginas. Ele auxilia os professores fornecendo lições pré-formatada de cada texto bíblico, com começo, meio e fim, que serão uma ferramenta útil para a preparação da aula. As histórias são abordadas na ordem cronológica.

Pronto! Agora está em suas mãos. Podemos repensar nossa filosofia de ensino bíblico, fazendo pequenos mas essenciais ajustes de rota.

As gerações futuras agradecem.

Marcos Senghi Soares


_ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _

Se este artigo reflete a situação da sua igreja local, sugiro que você o compartilhe com seus líderes, presbíteros ou pastores, professores ou coordenadores de Escola Bíblica, Células ou Grupos Pequenos.

Para conhecer o Programa de Estudos Bíblicos Alvo, clique aqui. 

segunda-feira, 4 de novembro de 2013

Dez passos rápidos para introduzir o pensamento liberal em sua igreja

Não que eles precisem de ajuda. Afinal, isso é sabido até no futebol: destruir é muito mais fácil do que construir. Os pernas de pau estão aí para provar a tese. Mas vamos lá. Para ajudar a destruir a fé na Bíblia e em suas doutrinas essenciais é bem fácil.
  1.  Comece “pianíssimo”. Não vá falando o que você pensa tudo de uma vez. Vá aos poucos. Um dia você coloca em dúvida o livro de Jó, mais tarde você questiona os Evangelhos, depois os escritos de Paulo, depois volta para o livro de Isaías. Devagar. Assim fica mais difícil para alguém perceber.
  2. Seja liso como quiabo. Nunca responda diretamente o que lhe perguntarem. Lembre-se: você acredita em um mundo multicolorido, nada de preto no branco. Pode ser perigoso dizer num debate (principalmente se for público) o que você pensa sobre Deus e a Bíblia.
  3. Diga sempre que crê na Bíblia, mesmo que você já não creia mais. É uma questão de sobrevivência. Se fosse disser abertamente que não aceita mais a Bíblia como a Palavra de Deus, os fundamentalistas vão te cortar e você vai perder a visibilidade.
  4. Use e abuse destas expressões: “reinventar”, “livre pensar”, “teologia fora da caixa”, “diálogo”, “interlocução”, “maniqueísmo”, “manipulação”. Elas não querem dizer nada, nós sabemos disso. Mas dão um Ibope...
  5. Sempre que se referir àqueles que insistem em crer nesse livro retrógrado e atrasado, manipulado pelos interesses dos religiosos, que chamam de Bíblia, não perca a chance de identificá-los com os termos “fundamentalistas”, “evangélicos religiosos”, “fariseus”, “hipócritas institucionais”, “donos da verdade”. Dependendo da situação, use também “os malas”, “os seguidores do fulano de tal”.
  6. Evite a todo custo discutir esses assuntos com quem conhece a Bíblia. Prefira os mais jovens e os que não leem nada. É muito mais fácil convencer essa turma do que se desgastar com os outros e correr o risco de ser desmascarado antes da hora.
  7. Seja conservador no púlpito, mas liberal no cafezinho. Nas conversas particulares, zombe o quanto puder desse pessoal atrasado que ainda acha que se faz teologia com Bíblia. Incentive o pessoal a ler mais filósofos, a estudar em faculdades teológicas mais arejadas, que não tenham esse negócio de “linha teológica” definida.
  8. Se não tiver acesso pessoalmente às igrejas, a Internet está aí para isso. Divulgue os links, faça o pessoal mais descolado ouvir três, quatro mensagens dos profetas liberais todos os dias. É faca quente na manteiga...
  9. Comece logo, antes que os líderes e pastores percebam que a coisa é séria. Por enquanto eles estão achando que é implicância de alguns mais radicais. Quando eles acordarem, o estrago já vai estar feito.
  10. Quando perceber que já há um grupo forte o suficiente para apoiar você e questionar as doutrinas da igreja, aí você já pode se manifestar. Esse pessoal vai defende-lo até à morte e você ainda vai ser visto como um mártir.
Vamos lá! Acenda o pavio, jogue a bomba e fique de fora assistindo o que vai dar.